MANAUS – O Sindicombustíveis-AM (Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Amazonas) emitiu nota esclarecedora sobre o aumento injustificado do preço da gasolina em postos de Manaus: “tanto as altas como as quedas de preços refletem as oscilações de livre mercado”, diz a entidade.
A frese reflete o cinismo e a falta de respeito ou apreço que os revendedores de combustíveis têm pelos consumidores. Fica muito claro que aquele que sustenta toda a cadeia de produção, distribuição e revenda dos derivados de petróleo no Brasil, sua excelência o consumidor, é tratado como lixo por quem o deveria reverenciar.
A nota do Sindicombustíveis-AM informa que segue a política de preços da Petrobras e que a revenda, ou seja, os postos, “vêm respondendo à imprensa e aos órgãos de defesa do consumidor pelos aumentos”.
Não é verdade. O problema é que “a revenda” é muito hábil para aumentar os preços quando a Petrobras eleva seus valores, mas é muito ineficiente para reduzir na mesma proporção da Petrobras.
É exatamente o que ocorreu neste fim de semana em Manaus, quando os postos de combustíveis elevaram em R$ 0,60 (sessenta centavos de real) o preço por litro da gasolina.
O sindicato também informa que não interfere no mercado da revenda e que “cabe a cada posto revendedor decidir se irá repassar ou não as altas ou quedas de preços ao consumidor, de acordo com as suas estruturas de custo”.
Se isso fosse verdade, o consumidor teria opção de abastecer onde o combustível fosse mais barato. Isso não ocorre. O consumidor roda a cidade inteira e não encontra diferença significativa de preços. Isso pode ser explicado, em parte, pelos preços praticados pelas distribuidoras, que em Manaus são cinco empresas que não concorrem entre si.
O livre mercado só é decente quando erguido sobre as bases da livre concorrência. Um comerciante do ramo de material de construção, por exemplo, pode praticar o preço que achar conveniente de um produto, desde que o consumidor tenha a opção de comprar 20% mais barato na concorrência.
Uma loja de um shopping center pode ter preços de um produto mais caro do que em uma loja de bairro, e alegar o preço do aluguel, o conforto, a segurança entre outros. Mas o consumidor tem a opção mais barata, e pode decidir se compra no shopping ou na loja da esquina.
O mesmo não ocorre com os combustíveis, não apenas em Manaus e no Amazonas, mas em todo o país. O consumidor é encurralado pelos preços idênticos, que pode não ser culpa apenas do revendedor, mas ele é a ponta de uma cadeia de inescrupulosos que precisa ser implodida no Brasil para o bem de todos.