O lamentável acidente aéreo ocorrido no município de Barcelos, com vítimas fatais, mostra a necessidade de ações que garantam segurança e qualidade no sistema de transporte no Amazonas.
O Amazonas, maior estado do Brasil em termos geográficos, tem apenas 62 municípios, a maioria muito extensos e com sua sede na beira de rios e muito distante da capital Manaus.
O transporte fluvial é o principal meio de transporte. Poucos municípios são acessados por estrada. O transporte aéreo é o mais caro e muito limitado, porém, é fundamental para as situações de emergência.
Em Barcelos, no sábado passado, um avião com 12 passageiros caiu, aparentemente devido o temporal e problemas na pista de pouso, matando todos a bordo, inclusive os dois pilotos. Um acidente lamentável, que deixou o Amazonas e o Brasil sobressaltado, com a vulnerabilidade e o perigo do transporte aéreo na região. Manifestamos aqui nossa solidariedade aos familiares e amigos das vítimas.
Mas a situação é precária. Poucos municípios tem aeroporto de verdade, com pistas de pouso de qualidade, com suporte e abastecimento de combustíveis, com estrutura de segurança e apoio logístico em caso de acidentes. A maioria das pistas de pouso são perigosas. Algumas são pistas de barro, sem sinalização, com movimentação e circulação de pessoas e animais nas pistas ou laterais e entornos, sem segurança.
A presidenta Dilma tinha projeto de construir 25 aeroportos no Amazonas, incluindo os sete municípios que nem tem pista de pouso. Mas o Golpe de 2016 acabou com esse sonho e esses investimentos. Nem o Governo Temer e, muito menos, o Governo Bolsonaro se preocuparam em resolver a situação do transporte aéreo no Amazonas.
O transporte fluvial é o principal meio de transporte da população do estado. Mas até hoje o transporte entre os municípios não está regularizado pelo Governo Estadual e pela Assembleia Legislativa. É uma modalidade mais barata, contudo mais demorada. Tem municípios acessados por barcos regionais após 10 dias de viagem. Nos barcos chamados “expressos”, ou “a jato”, mais velozes, o tempo é menor, mas o custo é maior.
O caminho é modernizar o transporte aéreo e baratear os custos. Precisa de vontade política. O transporte aéreo é fundamental para os serviços públicos, na saúde, educação e segurança. As melhorias no transporte aéreo podem incrementar a economia, principalmente o turismo, uma atividade altamente geradora de empregos.
Não sabemos se o acidente com a morte de 14 pessoas em Barcelos vai abalar o turismo de pesca no município. Talvez vai levar mais pessoas a procurarem o transporte fluvial. De qualquer forma, o desenvolvimento do Estado do Amazonas passa pela existência de um transporte fluvial e aérea de qualidade, confiável e seguro.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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