Da Redação
MANAUS – Aprovada pela PG (Procuradoria Geral) da ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), a CPI das Licitações para investigar contratos sem licitação no governo de Amazonino Mendes (PDT) tem novo impasse. Deputados da base de apoio ao governador querem transferir a instalação para depois das eleições de outubro. O grupo de oposição defende que seja antes. “O problema é que o governo não para de fazer contratos sem licitação”, disse o deputado Sabá Reis (PR) em entrevista ao ATUAL na tarde desta terça-feira, 14. Ele é autor do pedido de CPI e defende o início imediato dos trabalhos.
A investigação, porém, vai demorar. A próxima etapa é reunir os líderes de partidos para que indiquem integrantes para compor a comissão. Essa prerrogativa é do presidente da ALE, David Almeida (PSB), do bloco de oposição e candidato a governador. Não há data para a reunião acontecer. “Até porque há uma certa confusão na Assembleia sobre quem é líder do que nos blocos partidários”, disse Sabá Reis.
Conforme Reis, não há possibilidade da PI ser arquivada. Isso ocorreria caso um dos oito parlamentares que assinaram o pedido retirasse a assinatura. “Não acredito que os colegas que assinaram a CPI, sem mais e nem menos, possam ter uma alucinação e querer retirar a assinatura”, afirmou, ao citar os deputados da oposição que apoiam a comissão: Abdala Fraxe (Podemos), Francisco Souza (Podemos), José Ricardo (PT), Luiz Castro (Rede), Serafim Corrêa (PSB), Platiny Soares (PSB) e David Almeida (PSB).
“A Assembleia legislativa tem que criar vergonha na cara e cumprir o seu papel, que é fiscalizar os atos do Executivo”, afirmou Sabá Reis, ao criticar a submissão do Legislativo ao governo. “Eu já fiz parte disso também. Mas a situação mudou”, disse.
Em campanha
Entre os governistas, Belarmino Lins (PP) disse que não quer saber de CPI e que pretende ir para o interior pedir votos e garantir a reeleição. “Quem vai ficar preso numa CPI a 45 dias das eleições? A não ser aqueles que já se julgam derrotados pelo voto do povo amazonense”, disse Belarmino, em pronunciamento no plenário da ALE na manhã desta terça-feira.
Conforme Belão, como é chamado pelos seus colegas de plenário, “qualquer tipo de CPI parece golpe para desviar a atenção a 45 dias das eleições”. Ele propôs uma trégua e defendeu a instalação da CPI após as eleições. “Esse jogo de cena de CPI é para confundir o eleitorado. Eu confesso: discordo de qualquer processo de CPI nesse período”, disse.
O líder do governo, Dermilson Chagas (PP), apoiou o posicionamento de Belão. Chagas defende que a investigação inclua o governo interino de David Almeida (maio a setembro de 2017). “Tem hora que não quero me rebaixar ou me arrastar na lama. Eu já pedi os documentos desse monte de licitação que o senhor (Sabá Reis) diz que tem e não tive acesso a nada. É por isso que falo que tudo que o senhor fala é ‘bacaba’”, disse Dermilson para Sabá Reis.
Livro
Entre os objetos da investigação está a compra de livro didático sem licitação, que foi cancelada. Na internet, o livro custava pouco mais de R$ 10 e em uma livraria de Manaus o valor era de R$ 39 a unidade. A Seduc pretendia adquirir a publicação, segundo Sabá Reis, por R$ 50.