Da Redação
MANAUS – Cinco empresas privadas de Manaus vão contratar presos do sistema carcerário do Amazonas. A oferta de emprego envolve 160 detentos e carga horária entre 6h e 8h de trabalho. O menor salário será no valor de R$ 996 (um salário mínimo).
“Essas empresas vão se instalar em Manaus em 2020 e fazer a contratação direta desses internos. Parte do salário vai para a família que foi vítima dos crimes desses presos, outra parte vai para os presos e o restante retorna ao Estado”, disse o governador Wilson Lima, ao anunciar a parceria com as companhias, na manhã desta quarta-feira, 18.
A partir do funcionamento das indústrias, a expectativa é de empregar 2 mil presos. O dinheiro do salário será depositado no fundo penitenciário e o Estado fará a gestão financeira. O preso não terá vínculo trabalhista.
O trabalho integra o projeto ‘Trabalhando a Liberdade’, da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária), que, segundo o secretário Vinícius Almeida, já proporcionou uma economia de R$ 600 mil reais em reformas de prédios públicos como a Delegacia da Mulher, que foi reformada pelos detentos e entregue na manhã desta quarta. Segundo o governador, a reforma de duas delegacias custou R$ 15 mil com o uso do trabalho dos presos. O governo economizou R$ 600 mil, disse Wilson Lima.
“A gente não tem como colocar todos os internos do sistema prisional do Amazonas para trabalhar. Nós fazemos uma seleção, em seguida fazemos a qualificação dos presos e, só então, ele vai trabalhar”, disse.
Os presos passam por uma triagem técnica. “Se ao longo do projeto ele demonstrar que não tem capacidade técnica ou, até mesmo, de segurança, ele é retirado e substituído. A chance o Estado dá, mas cabe ao interno querer se ressocializar também”, disse Almeida.
A ocupação tem atraído os presos. É o caso de Arnaldo Neves, 47, que cumpre pena de 14 anos e tem perspectivas de emprego depois que sair da prisão. “É muito melhor estar trabalhando do que estar lá dentro trancado. Nosso maior sonho é poder sair e voltar para a sociedade com tornozeleira, pagar nossos tributos, nosso INSS, que também é um direito nosso”, disse Arnaldo.
Com a instalação das indústrias, os presos vão trabalhar na fabricação de bicicleta, esquadrias de alumínio, montagem de aparelho de controle remoto e serviços de panificação e confeitaria.
O trabalho permite reduzir o tempo de pena. De acordo com a Lei de Execução Penal, a cada três dias de trabalho o interno pode reduzir um dia de sua pena.
(Colaborou Alessandra Taveira)