
Da Redação
MANAUS – No Amazonas, dos 522 pacientes internados com Covid-19, 53 são crianças menores de 12 anos não aptas para vacinação até esta semana. Os dados constam no último boletim divulgado pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde) desta quinta-feira (20), divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde.
A vacinação de crianças com idade de 5 a 11 anos em Manaus começou na última segunda-feira (11). Os demais municípios que já oferecem a vacina para esse público, começaram na terça ou quarta-feira passadas. As crianças internadas com Covid-19 estão todas na capital.
Em Manaus, há 423 pacientes em leitos clínicos com o novo coronavírus (46 da rede privada e 377 da rede pública). Desse total, 48 são crianças menores de 12 anos não aptas para a imunização. Outras 198 pessoas são não vacinadas, 37 têm primeira dose, 112 têm as duas doses e 28 têm dose de reforço.
Na UTI, são 85 pacientes com Covid-19 (19 na rede privada e 66 na rede pública). Desses, 5 são crianças menores de 12 anos não aptas para vacinação, 29 não se vacinaram, 5 receberam a primeira dose, 31 têm as duas doses e 15 estão com a dose de reforço. Há ainda 14 pessoas em sala vermelha.
No momento, a vacinação contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos funciona por escalonamento. Nesta primeira fase da campanha, as doses estão disponíveis somente para aquelas com deficiência permanente ou comorbidades.
Jesem Orellana, epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia (Fundação Oswaldo Cruz), explica que essa maior incidência da Covid-19 em crianças em 2022 em relação ao ano passado tem a ver com o vírus Sars-Cov-2 que também atinge gravemente e até mata crianças.
“Como a Ômicron se espalha muito mais rápido do que versões prévias do vírus, não é só esperado que mais crianças sejam infectadas, como também que o número total de quadros graves, em comparação com o número das fases anteriores, também seja maior. Infelizmente, novamente teremos sofrimento e mortes evitáveis”, disse.
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Orellana ressalta que quem não está imunizado está sujeito ao agravamento da doença. “Naqueles que tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19 (todos com mais de 11 anos), a força da mortalidade será menor do que em fases anteriores da epidemia. Já entre as crianças, sem vacina e expostas não só ao vírus e aos insistentes erros das autoridades e da população, teremos algo bem diferente e nefasto!”, pontua.
O epidemiologista afirma a situação poderia ser evitada. “Por omissão do Governo Federal, que deixou de vacinar essas crianças oportunamente, estão sendo as mais gravemente afetadas nesta fase da epidemia em Manaus”, criticou.
Orellana destaca que é preciso estar atento ao período para que a vacina faça efeito no organismo, incluindo as crianças sem esquema vacinal completo, que começaram a ser imunizadas recentemente. “Muitos podemos pensar que porque tomou uma dose três dias atrás está salvo. Não dá tempo de fazer efeito. O efeito pleno só uns 14 dias depois da segunda dose”, esclarece.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, apesar do aumento expressivo dos casos da doença em janeiro deste ano, associado à circulação da variante Ômicron no Amazonas, as internações e mortes não seguem a mesma tendência de crescimento.
Dados apresentados diariamente no boletim epidemiológico da FVS, de 1º a 20 de janeiro, mostram que foram registrados 39.419 casos de Covid-19 no estado, uma variação de apenas 3% em relação aos primeiros 20 dias de 2021, quando foram contabilizados 37.967 registros.
Nos primeiros 20 dias de janeiro deste ano, o estado registrou 782 novas internações e 37 mortes pela contaminação do novo coronavírus. No mesmo período do ano passado, foram 5.287 internações e 2.106 mortes causadas pela Covid-19, ou seja, uma redução de 85% no número de internações e 98% no número de óbitos.
No mesmo período do ano passado, foram 5.125 internações e 2.050 mortes causadas pela Covid-19, uma redução de 87% no número de internações e 98,4% no número de óbitos, segundo a FVS.
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