Por Diogo Rocha, do ATUAL
MANAUS – Em quase quatro meses desde que começou a vazante do Rio Negro na orla de Manaus, no dia 17 de junho, o nível de profundidade da água desceu 13,59 metros. Falta apenas 0,54 centímetros para igualar a marca da seca histórica de 2010, de 13,63 m.
O rio seca, em média, 13,5 cm por dia. Na manhã desta quarta-feira (11), o nível do rio era de 14,17 metros, conforme medição do Porto de Manaus. Essa profundidade é a terceira menor na capital, segundo o CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Superou os 14,20 metros da seca de 1906 em Manaus, em um período de 120 anos de medição.
A pesquisadora em geociências do CPRM, Jussara Cury, afirmou em vídeo na terça-feira (10) que grande parte das estações monitoradas no Amazonas continuam em processo de vazante.
“Com é o caso aqui da região do Porto [de Manaus] na estação [fluviométrica] de Manaus, onde as descidas [do nível do Rio Negro] estão menores do que no mês de setembro. Mas ainda vai precisar de um tempo para poder estabilizar”, disse.
Segundo Jussara Cury, desde o início do mês de outubro a vazante do Rio Negro em Manaus apresentou uma desacelerão diária. No dia 1º, desceu 20 cm e em seguida 17 cm e 15 cm. Mas desde quarta-feira passada (4) baixou 12 cm [dias 4, 5, 9, 10 e 11], 11 cm [dia 6] e 13 cm [dias 7 e 8]. Um ritmo mais lento se comparado com as cotas da vazante em setembro, quando a água desceu diariamente, em média, 26 cm.
Conforme a pesquisadora do CPRM, a vazante deve continuar nas calhas do Alto Solimões e Alto Rio Negro. A descida das águas no Médio Solimões apresentou uma “certa estabilidade” na semana anterior que impactará na baixa do Rio Negro em Manaus.
A previsão é de descidas ainda menores do nível do Rio Negro na orla da capital, de acordo com Jussara Cury, nas próximas semanas.
Ainda segundo a pesquisadora, na região do Alto Solimões, como em Tabatinga (a 1.106 km de Manaus), os níveis da cota do rio estão baixos e próximos da vazante histórica.
“Mas ainda nesse momento representa a segunda maior vazante registrada no Solimões. No Rio Madeira, os níveis também estão baixos e próximos também do limite inferior das mínimas. O mesmo ocorre no [Rio] Purus, na parte a jusante da calha, como é o caso do Médio e Baixo Amazonas, também segue essa tendência de descidas menores, mas os níveis também estão abaixo da faixa da normalidade”, afirmou Jussara.
Nesta semana, conforme a pesquisadora, existe previsão de chuva na região da Cordilheira dos Andes, no Peru, próximo aos rios que abastecem a calha do Solimões. “Já apresentou algumas oscilações positivas nestas estações monitoradas do Peru, mas ainda é necessário aguardar a estabilidade deste processo de descida para poder apresentar algum resultado ao longo da calha [do Rio Solimões]”, disse. “O que a gente precisa agora seriam chuvas concentradas e distribuídas e tempo para esses rios recuperarem os seus níveis aqui no estado do Amazonas”.