Da Redação
MANAUS – A secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, rebateu, na tarde desta terça-feira, 25, afirmações feitas pela secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, no Senado Federal. Repetidas vezes, Mayra fez críticas à condução da Semsa ao enfrentamento da pandemia em Manaus.
A titular da Semsa contestou a declaração da secretária da SGTES, de que “encontrou nas unidades básicas de saúde de Manaus desassistência e caos e que havia unidades que estavam fechadas, enquanto a população morria, algumas sem medicamentos”.
“Quanto ao caos, essa é uma visão equivocada da doutora Mayra. Nossas unidades nunca interromperam o atendimento. Infelizmente, ninguém no Brasil estava preparado para uma demanda quadruplicada como ocorreu nos picos da pandemia”, disse Shádia.
Sobre unidades fechadas, a secretária afirmou que mesmo as unidades que não eram referência para a Covid-19 estavam fazendo atendimento de qualquer público. “Além disso, embora as demais unidades não fossem preferenciais para Covid-19, também acolhiam e orientavam as pessoas que buscassem atendimento, encaminhando-as para as unidades preferenciais ou para a rede hospitalar”, informou a titular da Semsa.
Sobre as acusações de que faltavam medicamentos nas unidades de saúde da capital, a secretária justificou afirmando que houve aumento de preço no país e que mesmo assim manteve o fornecimento. “É necessário salientar ainda a ausência de medicamentos no mercado nacional e a alta de preços, que prejudicou o controle adequado de estoque em todo o país e não apenas em Manaus. Mas a prefeitura sempre conseguiu assegurar que não houvesse desabastecimento de remédios nas UBSs”, pontuou.
A secretária relatou que houve reuniões com técnicos do Ministério da Saúde. “Esse suporte se deu muito mais pelo cenário da nova onda, no mês de janeiro, na segunda onda da pandemia, quando nossa principal deficiência era de pessoal. Em janeiro, a atual gestão encontrou a secretaria com mais de 2.400 servidores afastados por licença médica”, observou.
Sobre a acusação de haver UBSs fechadas, Shádia Fraxe explicou que a Semsa tem unidades de saúde do tipo “casinha”, de 32 metros quadrados, ainda em funcionamento, mas que grande parte já foi desativada em razão da precária estrutura. “De fato, mais de 40 estão desativadas, e as equipes transferidas para unidades maiores, para melhorar a qualidade do atendimento, sem prejuízo das áreas geográficas de atendimento das equipes da Estratégia Saúde da Família”, assegurou.
Testes de Covid-19
Outro ponto contestado pela titular da Semsa foi a afirmação de que, na época, havia uma demanda reprimida de 2 mil testes para Covid-19. “A verdade é que os testes estavam represados no Lacen (Laboratório Central do Estado do Amazonas), único a realizar a leitura da coleta feita pelas unidades básicas e outras unidades hospitalares, no âmbito público, do tipo RT-PCR. É fato, a demanda cresceu no pico da pandemia, desde janeiro até meados de março, e houve esse represamento, mas de leitura dos coletados de RT-PCR”, relatou.
Ainda segundo Fraxe, a Prefeitura de Manaus chegou a conceder ajuda de pessoal para as análises, ao laboratório central estadual, de forma a dar maior celeridade aos resultados. Foram cedidos dez técnicos de laboratório e três farmacêuticos bioquímicos, ainda em serviço até a presente data.
“Apesar da alta demanda, em 90 dias, de janeiro a março, realizamos mais de 100 mil testes rápidos. Não houve falta de material para testagem dos suspeitos em nossas unidades. O que houve foi a adoção de medidas criteriosas para a realização de RT-PCR, diante de quadro clínico adequado à realização desse tipo de exame, para justamente evitar o represamento que estava ocorrendo”, disse Shádia
A secretária municipal de Saúde classificou como inverídicas ainda as declarações de Mayra Pinheiro sobre a inexistência de triagem de pacientes nas UBSs e de falta de acompanhamento de doentes com Covid-19, em tratamento domiciliar. “Temos nota técnica publicada orientando trabalhadores e nossas unidades foram organizadas com distanciamento social, sinalização, dentre outras providências. Quanto ao acompanhamento, é de amplo conhecimento o nosso telemonitoramento que foi reorganizado pela atual gestão, passando a funcionar em uma estrutura mais adequada”, concluiu.