Quem diria que veríamos Neymar na Netflix, juntando-se ao rol de famosos que fizeram documentários sobre suas carreiras? “Neymar: O Caos Perfeito” é a última das apostas na programação da Netflix. O serviço de streaming lançou a série documental sobre o grande jogador brasileiro da última década, um sucesso imediato no Brasil e com repercussão internacional. Assim, Neymar se tornou o último grande astro do esporte a expor sua verdade diante das câmeras da Netflix.
Neymar se associou a LeBron James para produzir um documentário que aparece em um dos momentos mais difíceis da carreira do brasileiro. A profusão de lesões e a sua figura fora dos gramados tem diminuído a importância de Neymar para prêmios individuais como a Bola de Ouro ou o The Best. “O Caos Perfeito” analisa a personalidade do craque do PSG e, principalmente, a relação dele com seu pai.
Neymar Sénior aparece, portanto, para fazer o papel de vilão na história e suavizar a visão sobre Neymar Júnior. É algo habitual nos documentários da Netflix, que rara vez vão criticar os grandes nomes que divulgam o produto. Porém, há documentários na plataforma de streaming que não fogem da polêmica com seus protagonistas. Um dos melhores exemplos é “Cada dia uma surpresa: Time Movistar”.
A série, com duas temporadas, analisa o Movistar, histórico time espanhol de ciclismo, berço de grandes campeões como Pedro Delgado, Miguel Indurain e Alejandro Valverde, e as grandes dificuldades para encontrar um líder jovem capaz de competir para ganhar o Tour da França. O documentário não esconde as brigas, os erros e as discussões internas de um time milionário.
Outro exemplo que fica longe do padrão seguido por Neymar na Netflix é “Sunderland Até Morrer”. Anos atrás um clube importante da Premier League, o Sunderland decidiu começar uma produção para retratar seu retorno à elite. Só que tudo deu errado. O resultado, porém, é igualmente atrativo e reflete a paixão e carinho dos torcedores sem importar a categoria na qual o Sunderland jogue.
Nas antípodas do Sunderland aparece o produto audiovisual sobre a Juventus, o grande time italiano de futebol. Não há lugar para as críticas em “Prima Squadra”. Também não há sombras em “Sogno Azzurro”, sobre o caminho da seleção italiana até a vitória na Eurocopa 2021. Mais parecido com o documentário sobre o time Movistar, “F1: Dirigir para Viver” é uma boa janela para observar o interior do Mundial de Fórmula 1.
A Netflix tem filmes esportivos que denunciam casos concretos. “Ícaro” focou nos escândalos de doping no ciclismo e outras disciplinas. “Atleta A” deu voz às ginastas dos Estados Unidos abusadas pelo treinador Larry Nassar. E o mais poético “Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua”, quer homenagear o mítico tenista argentino, pedindo um reconhecimento como número um do mundo nos anos 70. A série sobre Neymar segue a linha mais habitual nas produções da Netflix. “The Last Dance” foi um dos maiores sucessos da plataforma de streaming, mas muitos criticaram a pouca visão crítica sobre Michael Jordan. Outros documentários, como “Tony Parker: Entre os Maiores” (sobre o armador francês que fez sucesso na NBA), “Antoine Griezmann: Nasce uma Lenda” (a realidade fez o filme envelhecer muito rápido) ou “Naomi Osaka: Estrela do Tênis” entram diretamente no território da hagiografia.