Nem José Melo nem Arthur Virgílio Neto. O grande vencedor das eleições estaduais deste ano foi o ex-governador Omar Aziz. Foi ele quem manuseou a batuta na grande orquestra. Melo foi apenas um tenor desafinado que conseguiu convencer o público com uma voz titubeante, principalmente nos debates. O governador reeleito tem méritos que o ajudaram, mas foi Omar Aziz quem abraçou a campanha, tomou a dianteira e fez de Melo um vencedor, quando poucos acreditavam que ele pudesse bater o favorito Eduardo Braga.
Mas a vitória de Omar e Melo não encerra um ciclo, ao contrário, inicia um novo momento político em que o agora senador da República passa a ser personagem principal. Saindo do campo das artes e comparando a política amazonense com o esporte, não é exagero dizer que Omar terminou a corrida eleitoral no alto do pódio. O prefeito Arthur ficou com a medalha de prata e Melo, com o bronze.
É assim que a política deve caminhar nos próximos anos. Se nenhuma pedra o fizer tropeçar, o senador estreante terá papel fundamental nas eleições de 2016, mas elas servirão apenas para preparar terreno para 2018. O grupo formado por Omar, Melo e Arthur deve permanecer unido em torno da reeleição do prefeito e é provável que assim permaneça até 2018, com Arthur disputando uma vaga ao Senado, e Omar, o Governo do Amazonas.
Há quem aposte que Arthur será o grande nome para a disputa do governo em 2018. Não depois da derrota de Aécio Neves. Mas o próprio prefeito já andou confessando a amigos leais que esse é um sonho que ele deixou de sonhar. O Senado seria o caminho menos traumático para encerrar a carreira política, afinal, em 2018, Arthur já terá 73 anos. Omar completará 60 em plena campanha.
No entanto, não deve ser a idade o fator decisivo para Arthur apoiar Omar ao governo e receber o apoio dele ao Senado. O que vai pesar é a força política que o ex-governador demonstrou ao imprimir duas derrotas ao adversário Eduardo Braga em uma única eleição: a derrota do candidato dele ao Senado, Francisco Praciano, e a derrota na disputa ao governo do Estado, para José Melo.
A votação de Omar, expressiva tanto na capital quanto no interior do Estado, o credencia a pleitear, no grupo, a vaga de candidato ao governo, uma vez que Melo não poderá concorrer à reeleição. Arthur, como ficou demonstrado nas duas últimas eleições, tem força na capital, mas teria maior dificuldade que Omar de fazer uma campanha exitosa em todo o Estado.
Basta que Melo trabalhe para cumprir os compromissos de campanha e Omar faça um mandato destacado no Senado nos quatro primeiros anos, e os dois estarão credenciados para pleitear mais um mandato. Arthur terá que escolher entre se aliar aos dois ou se tornar um adversário de Omar na disputa, que certamente terá Braga como o terceiro jogador.