A frase que dá título a esse artigo foi dita por Marina Silva, por ocasião de diversos debates e entrevistas das quais a ex-candidata participou nas eleições presidenciais de 2014. Frase curta, mas de muito simbolismo e profundo significado social e político.
Lembrei da frase esses dias, quando diferentes veículos locais de comunicação estampavam em suas páginas de notícias, boatos e bastidores da corrida municipal que se avizinha. Todos dão conta de que haverá muitos candidatos pleiteando o cargo de prefeito, atualmente ocupado por Arthur Virgílio Neto (PSDB). De fato, os partidos se esforçam na construção de nomes que possam se apresentar na disputa. Mas será mesmo que estamos fazendo o debate correto?
Quando Marina Silva disse que não era um nome, mas sim uma postura que iria fazer a diferença nas eleições, referia-se à disposição para debater um projeto de governo e não apenas uma perspectiva de poder. Ponderava que o futuro de uma cidade, estado ou país não deveria girar em torno de uma pessoa, mas da atitude altiva de homens e mulheres que aceitam tomar nas mãos a responsabilidade de construir um novo caminho para a sociedade: melhor, mais justo, humano e sustentável. Suprema ironia, foi a única presidenciável que apresentou um projeto de governo e foi atacada justamente por isso.
De fato, ainda que o dinheiro, o marketing político e a máquina pública sejam fortes armas para aqueles que amam o poder pelo poder, está cada dia mais difícil sustentar falsas promessas e acordos espúrios. A internet e as redes sociais derrubam muros e projetam cada vez mais um novo ativismo político e social. Estão de volta manifestações de rua e uma novidade: cobranças diretas às autoridades usando ferramentas online. O preço da incoerência política é cada vez mais alto.
Assim, antes de pensar em nomes, é fundamental discutir um projeto para a capital, com metas a curto, médio e longo prazos. Um plano que não apenas discuta, mas envolva e comprometa o poder público, a sociedade civil, empresários e políticos. Temas como transporte e mobilidade urbana, educação infantil, saúde pública, juventude, economia e sustentabilidade são complexos demais para reuniões restritas de gabinetes. Essas questões precisam ganhar os fóruns públicos municipais, universidades, escolas e todas as formas de organização social.
A liderança desse projeto, por fim, será conquistada por quem estiver mais próximo, mais atento e mais engajado com o sentimento geral de mudança. Mudança não apenas de nome mas de postura.
De volta
Depois de quase três anos sem publicar artigos, passo a escrever neste espaço, gentilmente convidado pelo editor, e assumindo o compromisso de fazer nessa tribuna alguns debates necessários e também – ninguém é de ferro – falar de amenidades.
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