Em uma de suas tantas falácias, Jair Bolsonaro afirmou, nessa quarta-feira (29/09) [1], que se “Deus quiser” o preço do gás de cozinha voltará a cair em território nacional. Bolsonaro vive no mundo encantado, suas falas não condizem com a realidade e buscam um único objetivo, acalmar o anseio da sua base de apoio – isso já é consenso.
Em dezembro do ano passado, esse produto custava cerca de R$ 75-80. Hoje, custando em torno de R$100-110 o botijão de 13kg (em Manaus, por exemplo), o preço médio do gás de cozinha subiu na faixa dos 30% do início do ano até o momento em que estamos, isso segundo a Agência Nacional do Petróleo. O que compromete 1,3% do orçamento familiar, cerca de 10% do salário-mínimo que é hoje R$1.110,00, no caso das famílias de baixa renda.
Frente a tal questão, não há tentativas de resolução do problema. Bolsonaro prefere fazer o seu jogo paranoico que passa a vez da sua responsabilidade para as unidades federativas. A culpa não é da sua má gestão, da sua falta de trabalho sério, é do ICMS datado pelos governos estaduais que buscam atrapalhar a vida do trabalhador. O que é uma mentira, como tantas outras contadas.
Pegando o exemplo do preço do botijão de 13kg em Manaus, o ICMS toma cerca de 15,6% do valor total, o que dá em torno de R$16,39. O que vem a compor o preço total, 34,3% é do valor de distribuição somando cerca de R$36,15, mais 50,1% da refinaria que fecha em R$52,60. Ao ICMS nos estados segue um padrão que desde 2016 fecha em torno dos 13,7%, segundo dados da Petrobras. Logo, se Bolsonaro desse um fim ao imposto estadual, até teríamos uma queda no valor, mas o que também não se aplica na realidade, os estados não cedem o ICMS. Para efetivar uma queda direta no preço do gás, Bolsonaro teria que intervir no processo de distribuição e revenda, o que não tem lógica.
Segundo dados da Petrobras, no governo Bolsonaro o preço final do gás passou de 36,4% para 50,9%, o que se explica pela alta nos preços internacionais do petróleo como resultado direto da COVID-19 e pela posição valorativa do câmbio brasileiro no quadro econômico.
A política de preços da Petrobras segue a variação do mercado externo, somos importadores do GLP (gás liquefeito de petróleo) que consumimos, ou seja, com a subida do preço externo, a tendência é a subida no preço interno – exemplo clássico da economia de um país periférico.
Toda essa falácia bolsonarista resultará em nada. Quais os benefícios do governo Bolsonaro para a população brasileira? Sobretudo, para as famílias de renda baixa ou sem nenhuma renda. Tendo em vista que, até o segundo semestre de 2021, de acordo com o IBGE, são cerca de 14,4 milhões de brasileiros desempregados.
Para Bolsonaro, a culpa não é de sua má gestão e falta de trabalho. Será de todos nós, assim como parece agora ser de Deus.
Só não podemos esquecer que, não é a vontade de Deus que comanda a economia, ele pouco se importa com ela. A economia e seus estragos é fruto da natureza humana, assim como nossas misérias.
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