Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Decreto de exoneração do secretário de Segurança Pública, Louismar Bonates, assinado pelo vice-governador Carlos Almeida Filho (PSDB) na quarta-feira (21), intensificou o conflito entre ele e o governador Wilson Lima (PSC). Na ausência do governador, o vice assumiu o cargo e, nas palavras dele, “fez o que o Wilson já deveria ter feito há muito tempo”.
Na manhã desta quinta-feira (22), a SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública) divulgou nota afirmando que houve “fraude” no documento. Conforme a pasta, o vice e um funcionário comissionado da Casa Civil, “de forma ilegal, criaram um documento exonerando um secretário de Estado, sem conhecimento do chefe da Casa Civil e do governador”.
“O documento não chegou a ser publicado, por isso não tem validade e efeito. Mas o ato gravíssimo tem o objetivo de causar instabilidade e danos ao Governo. Diante disso, o servidor será exonerado, teve as senhas de acesso a sistema de governo canceladas e foi proibido de entrar na Casa Civil”, diz trecho da nota da SSP-AM.
Para Carlos Almeida Filho, “ilegal” é a viagem de Wilson Lima a Brasília, que não foi comunicada a ele. O vice-governador disse que o documento tem validade, pois ele é o governador em exercício. No lugar de Bonates, Carlos Almeida nomeou o delegado Mário Jumbo Miranda Aufiero.
Apesar da versão digital que circula nas redes sociais, o ato com a demissão de Bonates não chegou a ser publicado em versão impressa no DOE (Diário Oficial do Estado). Na manhã desta quinta-feira, a reportagem verificou que a última edição impressa disponível na Imprensa Oficial do Estado é do dia 19 de julho.
Justificativa
No decreto, Carlos Almeida Filho cita os ataques criminosos registrados no início de junho que, segundo ele, “tiveram como motivação o suposto envolvimento do titular da pasta” em possíveis delitos. Ele também cita possível chacina ocorrida no mês passado no município de Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus), que resultou na morte de sete jovens.
A prisão do delegado Samir Freire, ex-secretário adjunto de inteligência, na Operação Garimpo Urbano, que investiga roubo de ouro por agentes da Segurança Pública, também é citada por Carlos Almeida como justificativa para demitir Bonates.
O vice-governador considerou ainda as investigações contra o secretário no caso dos conflitos armados na região do Rio Abacaxis, em 2020. “A mencionada ‘operação policial’ foi deflagrada sem qualquer planejamento ou participação, em conjunto, dos órgãos federais de segurança”, diz trecho do documento.
O vice-governador também alegou que o crime organizado “consolidou-se” em Manaus e Região Metropolitana “em virtude da flagrante ausência das forças de segurança do Estado, em especial da Secretaria de Estado de Segurança Pública”. Segundo ele, o serviço de Inteligência do Estado não antevê fatos e acontecimentos.
A SSP-AM afirmou que o caso de fraude em documento foi encaminhado à policia, que tomará todas as providências para responsabilizar os envolvidos nesse ato criminoso.
Leia a nota na íntegra:
Nota de esclarecimento – fraude em documento
O Governo do Amazonas esclarece que, na madrugada desta quinta-feira, o vice-governador, Carlos Almeida, e um funcionário comissionado da Casa Civil, de forma ilegal, criaram um documento exonerando um secretário de Estado, sem conhecimento do chefe da Casa Civil e do governador.
O documento não chegou a ser publicado, por isso não tem validade e efeito. Mas o ato gravíssimo tem o objetivo de causar instabilidade e danos ao Governo. Diante disso, o servidor será exonerado, teve as senhas de acesso a sistema de governo canceladas e foi proibido de entrar na Casa Civil. O caso foi encaminhado à policia, que tomará todas as providências para responsabilizar os envolvidos nesse ato criminoso.