Da Redação
MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que as mudanças implementadas para modernizar a saúde pública no estado “incomodam muita gente”. “Há setores que tem interesses em que efetivamente isso não aconteça”, disse Lima, na manhã desta sexta-feira, 20, em entrevista coletiva para expor as medidas adotadas pelo governo para regularizar os serviços no Hospital Universitário Francisca Mendes, na zona leste de Manaus.
“Estamos tomando medidas impopulares, duras, mas que são necessárias. Ou tomamos ou o estado vai chegar a um momento que não será sustentável”, disse o governo. Segundo ele, há interesse na “não modernização do estado” e “isso incomoda muita gente”.
“Quando eu assumi o governo nós tínhamos um problema muito grande, e estamos superando esse problema, que é a não modernização do estado. As medidas que nós estamos tomando, incomodam muita gente”, disse Lima, citando digitalizadores para hospitais do interior.
“Recentemente, entreguei 54 digitalizadores para o interior. Nós gastamos R$ 11 milhões na compra desses equipamentos. O estado gastou durante seis anos, com os digitalizadores alugados, R$ 180 milhões. o momento em que eu compro, com um preço bem mais interessante, e dou para os municípios, quem alugava já não vai mais alugar. Então, isso causa insatisfação. E eu tenho plena consciência de que esse desafio é grande e muito complexo porque nós estamos mexe do com o status-quo”, afirmou.
Francisca Mendes
Wilson Lima afirmou que o Hospital Universitário Francisca Mendes fará três cirurgias cardíacas por dia a partir da janeiro de 2020, duas adultas e uma pediátrica. “A unidade está passando por reformulação e ampliaremos a oferta de serviços”, disse o governador, que anunciou parcerias com hospitais de São Paulo e Estados Unidos para atender a demanda do estado.
De acordo com Lima, o Hospital Francisca Mendes está em ritmo normal de operação e já realizou cinco cirurgias cardíacas e mais de 30 procedimentos cardiológicos somente na última semana. “Assumimos a gestão compartilhada da unidade no início de dezembro e desde então adquirimos equipamentos, vamos ampliar o número de leitos, a compra de material e com isso regularizamos os procedimentos feitos na unidade”, disse.
Wilson Lima criticou informações que segundo ele não retratam a verdade sobre a unidade de saúde. “Hoje, por exemplo, no hospital não há desabastecimento. Hoje a nossa farmácia está abastecida, não falta nenhum item sequer de medicamento nesta unidade”, disse.
O governador também se manifestou sobre a morte na quarta-feira, 18, de Ícaro Davi de Castro Ferreira, bebê de três meses que passou por cirurgia no hospital. Ícaro seria atendido na segunda-feira, 16, mas devido problemas no aparelho de anestesia o procedimento foi adiado. A criança chegou a ser atendida, mas morreu ao fim do atendimento.
“Com relação a uma criança que foi submetida a um procedimento cirúrgico e que acabou vindo a óbito, essa criança não morreu por resultado da cirurgia e não morreu em resultado da cardiopatia. Ela morreu por uma hemorragia pulmonar que foi uma outra doença que não havia sido identificada quando se identificou a cardiopatia”, afirmou.
Lima voltou a afirmar que não há como mudar a situação da saúde do dia para a noite. “Nós encontramos a saúde com um déficit de R$ 1,2 bilhão. Qual é a empresa que consegue fazer um saneamento desse em um ano? Eu tenho um orçamento de R$ 18 bilhões, com um déficit e dívidas de R$ 3 bilhões, e não é só na saúde, em outras áreas também”, disse.
Ele negou que esteja fugindo de seus compromissos em relação a saúde. “Não tem como eu dizer assim ‘olha, o Estado não tem culpa nisso’. Hoje eu sou o governador e a gente vai ter que resolver essa situação. E aqui em nenhum momento eu estou fugindo da responsabilidade”, afirmou
De acordo com Wilson Lima, para 2020 serão R$ 45 milhões destinados para investimentos na saúde. “No orçamento que nós tivemos em 2019, só colocaram R$ 5 milhões de investimento para a área de saúde. Para esse ano de 2020, nós colocamos R$ 45 milhões”, afirmou.