A mudança na cúpula da Polícia Militar foi uma resposta do governador José Melo (Pros), candidato à reeleição, ao discurso no Senado do senador Eduardo Braga (PMDB), candidato ao governo do Amazonas. Na terça-feira, Braga ocupou a tribuna do Senado para falar mal de Melo e Omar e dos problemas da segurança pública. Citou a rebelião em Parintins (com dois mortos, um decapitado) e da morte do segurança do candidato ao governo Chico Preto (PMN), o sargento PM José Cláudio Marques da Silva. Em seguida, Braga falou da debandada de oficiais da Polícia Militar dos postos de comando. “Acabo de ser informado de que vários comandantes das tropas especiais da Polícia Militar do Amazonas estão entregando o cargo em sinal de protesto contra a absoluta falta de planejamento, a absoluta falta de governança, em relação à marginalidade e à criminalidade no Amazonas”. Braga mentiu ao dizer que os comandantes deixavam os cargos indignados com a falta de governança em relação à marginalidade e à criminalidade. Na verdade, o que há é uma disputa política que não começou nas eleições deste ano, mas se agravaram com ela, animada pelas bandas regidas por Melo e Braga.
A prova 1
Para provar que Eduardo Braga está metido na confusão que se instalou na PM, a assessoria do candidato a governador enviou às redações de Manaus sugestão de pauta convidando a imprensa para uma entrevista coletiva no Clube do Trabalhador dos oficiais exonerados dos cargos de comando da Polícia Militar.
A prova 2
O convite distribuído pela assessoria de Braga lista o major Wilmar Tabaiares (ex-comandante do Batalhão Ambiental), o major Herlon Gomes (ex-comandante 24ª CICOM), o major Juan Pablo Morrilas (ex-comandante da 1ª CICOM) e o tenente-coronel Fabiano Bó (ex-comandante da Companhia de Policiamento Especializado). O convite vende como pauta da coletiva dos oficiais “a situação caótica nos comandos da PM, irregularidades, ilegalidades e ações equivocadas do comando-geral que estão fazendo os índices da violência no Amazonas dispararem”. O tom é de campanha eleitoral.
Abacaxi a descascar
Ao assumir o comando da PM, o coronel Eliézio Almeida disse que pretende, com os demais comandantes da cúpula da Polícia Militar, “fazer o melhor para preservar a hierarquia da instituição e, ao mesmo tempo, prestar contas à sociedade, garantindo maior sensação de segurança”. Não será nada fácil. Ele assume o cargo com uma rejeição das mais altas na história de um comandante da PM entre seus pares.
Conta outra, Melo
Soa como piada a informação da Agência de Comunicação do Governo do Estado (Agecom) de que José Melo (Pros) alocou o exonerado comandante-geral da PM, coronel Almir David, em uma secretaria extraordinária para ser conselheiro do governador na área de segurança pela “experiência acumulada como comandante-geral”. Se assim o fosse, a permanência dele no cargo seria elementar.
Batalhão Ambiental às traças
O Batalhão Ambiental da PM está quase que completamente desmontado e deve ficar do jeito que o deputado Orlando Cidade (PTN) quer nos próximos dias. Em Manacapuru, reduto eleitoral de Cidade, ele já anda anunciando aos quatro cantos que a passagem de madeira e outros produtos que vinham sendo apreendidos na estrada está liberada. Era o que o novo comandante da PM, coronel Eliézio Almeida, queria.