Por Thaísa Oliveira, da Folhapress
BRASÍLIA – O MPT (Ministério Público do Trabalho) fez uma inspeção à sede da Caixa nesta segunda-feira (4) e definiu que pedirá ao MPF (Ministério Público Federal) o compartilhamento das provas reunidas no inquérito que apura as denúncias de assédio sexual contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães.
O procurador do trabalho Paulo Neto, responsável pelo caso, afirmou que o foco do MPT será investigar as denúncias de assédio moral na instituição. Segundo ele, via de regra, o assédio moral acaba sendo uma das consequências do assédio sexual.
“O Ministério Público do Trabalho vai focar no assédio moral, sem embargo na apreciação do assédio sexual. O assédio sexual e o assédio moral andam juntos. Geralmente, o assediador, quando a vítima não cede às suas investidas, parte para o assédio moral. Ele ignora, adota medidas de retaliação”, disse.
No dia 29 de junho, o Ministério Público do Trabalho deu dez dias para que a Caixa se manifeste sobre as acusações de assédio sexual contra Pedro Guimarães e Celso Leonardo Barbosa, ex-vice-presidente de atacado.
Neste domingo (3), o banco e Guimarães foram notificados pelo MPT para que também esclareçam as denúncias de assédio moral. Celso Leonardo Barbosa renunciou ao cargo na sexta-feira (1º).
“A partir daí, [o MPT vai] decidir se mantém como notícia-fato, que é uma investigação preliminar, se converte em inquérito civil ou se adota outras providências. Recebi a informação [da Caixa] de que a manifestação está sendo preparada e se colocaram à disposição para informações complementares”, afirmou o procurador.
Paulo Neto disse que o principal objetivo da visita era conhecer o espaço físico onde os supostos assédios ocorreram antes de colher os depoimentos. Uma servidora da Caixa que procurou o MPT será ouvida nesta segunda. “Fui recebido pelo diretor jurídico [da Caixa], que me acompanhou, me levou em todas as dependências, e tiramos as fotografias que podem ajudar na investigação. É um momento inicial, de colheita de provas”, disse.
“Eu fui à diretoria que controla o canal de denúncias e me foi explicado que é contratada uma empresa externa, que garante anonimato. É passada a informação para a corregedoria da Caixa que, a partir daí, toma as providências internas”, completou.
Paulo Neto afirmou ainda que, comprovadas as denúncias de assédio moral, o Ministério Público do Trabalho poderá recorrer ao patrimônio dos gestores responsáveis para indenizar as vítimas.
“O ideal é isso [responsabilizar o gestor], principalmente quando se trata de órgão público em que, muitas vezes, a sociedade acaba pagando pelos desmandos de um dirigente que pratica assédio moral. Se for preciso buscar em juízo a condenação, também incluímos o gestor no polo passivo da ação”, disse.
A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou neste domingo (3) em entrevista à TV Record que vai conduzir uma apuração ágil e rigorosa sobre as denúncias de assédio sexual.