Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) pediu, nesta sexta-feira (23), a condenação de Elias Eduardo Antunes, de 23 anos, pelo crime de tentativa de homicídio cometido à traição contra Érika Freire, de 39 anos, sua colega de trabalho. O caso ocorreu no dia 17 deste mês no Centro Universitário Fametro, na zona centro-sul de Manaus.
Na denúncia, a promotora de Justiça Márcia Oliveira acusa o rapaz de tentar matar a mulher com uma faca. “O acusado, imbuído de animus necandi [intenção de matar] e fazendo uso de uma faca, cortou o pescoço de Erika Oliveira Freira e desferiu-lhe outros golpes, somente não lhe causando a morte em razão da vítima ter lutado com o acusado e conseguido fugir”, disse Oliveira.
A promotora considera o depoimento de Érika à Polícia Civil do Amazonas. A mulher disse que estava conversando normalmente com o rapaz quando ele chegou por trás dela, colocou a faca em seu pescoço e disse: “tenho uma surpresa pra ti”. Ambos travaram uma luta corporal e a mulher foi atingida com um golpe no pescoço e nas mãos, e caiu no chão.
Érika disse, ainda, que Elias tentou sufocá-la, porém ela novamente reagiu e conseguiu fugir do local e se abrigar inicialmente no banheiro e depois foi até a biblioteca, local em que buscou socorro. Inicialmente, ela foi atendida pelo Samu e, em seguida, encaminhada para o Hospital e Pronto Socorro 28 de agosto, na zona centro-sul da capital.
Leia mais: Funcionária da Fametro dá detalhes de como foi esfaqueada por colega
Para Márcia Oliveira, Elias praticou crime de tentativa de homicídio cometido à traição ou “emprego de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima, pois Érika foi “surpreendida enquanto conversava distraidamente com acusado, o que costumeiramente fazia em seu local de trabalho e, ainda, foi atacada pelas costas”.
A promotora quer que, caso seja comprovada a imputação, Elias seja pronunciado e levado
a julgamento pelo Tribunal do Júri, e, ao final, seja condenado pela prática do crime.
Mais provas
O MP pediu à polícia mais provas para robustecer a investigação do caso, como imagens de câmeras de segurança do local ou imagens obtidas de outros meios (celular de terceiros, por exemplo) que possam ter capturado a ação do rapaz ou momentos que antecederam o crime. Também pediu que a polícia encontre e ouça testemunhas que possam ter presenciado os fatos.
A promotora de Justiça também pediu a abertura de “incidente de insanidade mental”, um procedimento em que a pessoa passa por exame médico para que se verifique a sua higidez mental. O pedido considera a informação dos policiais militares que atenderam a ocorrência de que, no dia do fato, Elias apresentava “sinais de estar com algum surto”.
Internação
Policiais militares que atenderam a ocorrência disseram que quando chegaram ao local Erika já estava sendo atendida pelo Samu, mas ninguém sabia do paradeiro de Elias, apenas que ele ainda estava no prédio. Após realizarem busca, policiais descobriram que ele estava “tentando suicídio, pendurado em uma das janelas do prédio, com parte do seu corpo para o lado de fora”.
Após a detenção, sob orientação de profissionais da saúde do centro universitário, o rapaz foi encaminhado para o Centro de Saúde Mental do Amazonas, na zona oeste de Manaus, para ser atendido por um médico. Conforme os policiais, Elias foi orientado a ficar internado e não recebeu alta médica para deixar o local. Ele ficou acompanhado de agentes.
Na última terça-feira (20), em audiência de custódia, a juíza Careen Fernandes, da Comarca de Manaus, decretou a prisão preventiva de Elias, mas determinou que ele fosse encaminhado para o hospital psiquiátrico de custódia do estado, para que fosse apurado o estado de saúde mental dele. Elias estava acompanhado de um advogado.
No depoimento à polícia, na segunda-feira (19), Elias preferiu ficar calado. Inicialmente, ele afirmou que não tinha advogado, mas, ao ser questionado sobre as acusações contra ele, o rapaz disse que se reservava no “direito constitucional de permanecer em silêncio, conforme orientação recebida de sua advogada, enquanto ainda estava hospitalizado”.