Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O MPAM (Ministério Público do Amazonas) reforçou, na última terça-feira (16), o pedido de condenação do médico Júlio Adriano da Rocha Carvalho, acusado de estuprar pacientes em hospitais de Manaus entre 2016 e 2018.
Em parecer enviado à 7ª Vara Criminal da Comarca de Manaus, o promotor de Justiça André Luiz Medeiros Figueira afirma que as provas colhidas em investigação demonstram que o médico “agiu dolosa e conscientemente” ao violentar as mulheres que buscavam ajuda médica.
“As vítimas foram claras e assertivas a esclarecer que, ao tentarem resistir à conduta libidinosa do réu, foram subjugadas pela força daquele que satisfez a sua lascívia praticando o ato libidinoso, portanto, consumando o estupro”, afirmou André Figueira.
O médico é acusado de estuprar seis pacientes. Dois casos são relatados em uma denúncia ajuizada pelo MPAM em novembro de 2018 e outros quatro são narrados em uma segunda denúncia, apresentada em agosto de 2019. Em todos eles, as vítimas foram procurar ajuda médica, mas afirmam que acabaram sendo aliciadas pelo médico dentro do consultório.
O pedido de condenação feito na terça-feira ocorreu no âmbito da ação penal que trata dos dois casos. Esse processo está na fase de alegações finais, que são as últimas manifestações antes da sentença.
Atualmente, Júlio está solto, usando tornozeleira eletrônica. Em novembro de 2018, a juíza Careen Aguiar Fernandes, da 7ª Vara Criminal da Comarca de Manaus, decretou a prisão preventiva do médico, mas dias depois, com aval do MP, revogou a prisão e mandou Carvalho usar o equipamento de monitoramento. A magistrada considerou que ele era “primário”, tinha “bons antecedentes” e possuía “residência fixa”.
O cadastro de Júlio no CREMAM (Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas) está suspenso por ordem judicial.
Denúncias
As investigações contra Júlio foram aprofundadas a partir de uma ocorrência registrada no 24º DIP (Distrito Integrado de Polícia) no dia 7 de julho de 2018. Conforme o B.O (Boletim de Ocorrência), naquele dia, jovem de 23 anos procurou um hospital particular no centro de Manaus porque estava sentindo dores nas costas, mas, durante a consulta, o homem a estuprou.
Os investigadores verificaram que havia outro boletim de ocorrência contra o médico no 20º DIP em 26 de agosto de 2016. No documento, uma mulher de 26 anos afirmou que tinha ido a uma unidade de saúde pública na zona oeste de Manaus porque estava com tosse e dores na garganta e, no consultório, o homem a aliciou.
“A vítima nos informa que ao ser consultada na UPA Campos Sales pelo médico Júlio Rocha, CRM-AM****, atendimento: *****, no decorrer da consulta com o médico começou a falar palavras obscenas e beijou a força e passou as mãos nas suas partes íntimas, nos peitos, coxas e virilhas”, diz trecho do boletim de ocorrência.
Os investigadores também identificaram um boletim de ocorrência contra o médico registrado por uma terceira mulher, de 27 anos. Em 3 de outubro de 2016, a mulher foi à UPA Campos Sales buscar ajuda porque também estava com tosse e dores na garganta e, no local, o médico fez “comentários indecentes” e tocou nas partes íntimas dela.
Em abril de 2019, em entrevista a jornalistas, o promotor de justiça Edinaldo Medeiros, que assinou as denúncias contra o médico, afirmou que tinha denunciado os dois primeiros casos e que havia um terceiro, mas, por questões de celeridade, os dois iniciais já seriam levados à Justiça. “Entendo prudente fazer logo a denúncia para que o processo não fique parado”, disse.
Outras três mulheres procuraram a delegacia em abril de 2019 após ficarem sabendo, através do noticiário, que o homem estava sendo acusado de estuprar três pacientes. Elas relataram que foram alvos do médico em setembro e agosto de 2018 e novembro de 2014 em hospitais particulares e públicos de Manaus.
A reportagem não conseguiu contato com a advogada de Júlio Adriano.