Por Augusto Costa, da Redação
MANAUS – Com o discurso pronto de “defesa da democracia”, os movimentos sociais a favor e contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) prometem invadir as ruas de Manaus, neste domingo, 17, para acompanhar a votação da Câmara Federal que vai decidir pela admissão ou não do impedimento, que se for aprovado segue para apreciação no Senado.
Às vésperas da votação, o clima é tenso pela cidade com as mobilizações antagônicas que querem mostrar a sua força social e política nas ruas. Pelo lado dos que defendem o afastamento da presidente Dilma Rousseff, a concentração começa a partir das 14h no complexo turístico Ponta Negra, zona oeste de Manaus. A expectativa da coordenadora do movimento social Amazonas em Ação, Iza Oliveira, é que mais de 20 mil pessoas estejam no local para dizer “fora Dilma”. De acordo Iza, uma mega estrutura com três trios elétricos e telões estarão montados no local para que os manifestantes possam acompanhar ao vivo a votação em Brasília.
“Estamos convocando toda a população de Manaus para participar deste movimento a favor do impeachment. Precisamos ter um Brasil melhor a situação ficou fora de controle. Acredito que com a saída da Dilma Rousseff vamos readquirir credibilidade e vai melhorar a política e a economia. Vamos ter uma mega estrutura com trios elétricos e os telões que foram usados na Copa do Mundo para que as pessoas possam acompanhar a votação em Brasília”, afirmou Oliveira.
Questionada sobre o valor do investimento para montar a estrutura que vai receber os manifestantes a favor do impedimento da presidente Dilma na Ponta Negra, Iza Oliveira afirmou que os recursos do movimento vêm de doações e venda de “pixulecos” (bonecos do Lula vestido de presidiário) e camisetas. “Ainda não temos o levantamento do total dos gastos, mas os recursos vieram de doações de médicos, empresários simpatizantes do movimento e da venda de bonecos pixulecos que vieram de São Paulo e camisetas com palavras de ordem Fora Dilma e Eu apoio Moro”, explicou.
O representante no Amazonas do movimento “Vem pra Rua”, Fred D’Agnelo, que também apoia a saída do governo Dilma, a expectativa é que mais de 18 mil pessoas estejam na Ponta Negra para participar das manifestações.
“O Vem pra Rua está colaborando com outdoor, trio elétrico e teremos o muro da vergonha com as fotos dos deputados federais contra o impeachment. Temos que aglomerar pessoas para derrubar o PT e melhorar o Brasil política e economicamente”, afirmou
Sobre a estrutura e os recursos para ajudar o movimento Vem pra Rua nesta manifestação, Fred D’Ângelo foi enfático. “O movimento Vem pra Rua é o maior do país, com mais de 1 milhão de seguidores. Aqui não aceitamos dinheiro de políticos. Estamos aqui pelo ideal de lutar por um pais melhor. Os recursos são de doações de professores, médicos e simpatizantes. Estamos convocando a população pelas redes sociais a estar na Ponta Negra conosco nesta manifestação pela democracia”, disse.
Movimentos contra o “golpe”
Os movimentos sociais ligados à FBP (Frente Brasil popular), formada por 42 instituições e movimentos contrários ao impeachment, estão confiantes que vão às ruas para lutar contra o “golpe” e pela preservação da democracia de um governo eleito pela maioria do voto popular. Na avaliação do presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Yann Evanovick, ainda há tempo de alguns deputados federais do Amazonas que já declararam publicamente que vão votar a favor do impeachment, mudarem de ideia.
“Pedimos que as famílias participem da manifestação e que as pessoas levem suas bandeiras verde e amarela ou vermelhas. A população, os estudantes, centrais sindicais estão se mobilizando contra o golpe do impeachment. Estamos lutando para reverter o placar dos deputados do Amazonas, Conceição Sampaio, Alfredo Nascimento e Hissa Abraão. Vamos colocar 150 faixas em Manaus denunciando os golpistas. Não podemos suportar deputados como Pauderney Avelino, Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro, falando de corrupção e estão condenados pela Justiça”, enfatizou Evanovick.
De acordo com o presidente da Ubes, a expectativa é que mais de 10 mil pessoas estejam na praça São Sebastião, Centro, a partir das 12h para participar da manifestação contra o impeachment e acompanhar a votação.
Yann Evanovick explicou que os recursos para montar a estrutura da manifestação na praça São Sebastião será financiada por partidos políticos, estudantes e doações. “A estrutura está sendo viabilizada a partir dos comitês universitários (Ufam e UEA), cotas que estão sendo construídas, partidos políticos e contribuições individuais de sindicalistas e os sindicatos que sentirem vontade de doar farão doações”, afirmou.
Já a presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes), Bruna Brelaz, a expectativa é que pelo menos 3 mil estudantes estejam na manifestação para dizer não ao “golpe” do impedimento da presidente Dilma. “Somos contra o golpe e a maioria dos estudantes estão a favor que a presidente Dilma cumpra o seu mandato até o fim em 2018. Teremos muitos estudantes da UEA, Ufam e lideranças comunitárias. Acredito que teremos 3 mil estudantes no evento. Hoje devemos fazer panfletagem na Ufam convidando os alunos para participar da manifestação”, disse Brelaz.