
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – A montagem de uma motocicleta modelo Seiemmezzo Scramble marcou o início da produção da italiana Moto Morini no Polo Industrial de Manaus nesta quarta-feira (7). A empresa chegou ao Brasil para competir com outras marcas premium e vai produzir, além da Seiemmezzo, os modelos X-Cape e Calibro. São veículos potentes e tecnológicos.
A montagem das motos de alta cilindrada ocorrerá na fábrica do Grupo DBS, que também monta veículos de duas rodas elétricos de outras marcas, como Vammo, Bee, Lev, Decathlon, além de motocicletas próprias (Drop e Two Dogs).
A montadora brasileira criou uma linha exclusiva de montagem para a produção da Moto Morini. A equipe terá, inicialmente, dez funcionários. A expectativa é aumentar a produção e, nos próximos anos, chegar a 50 trabalhadores envolvidos diretamente com o projeto.
A Moto Morini planeja investir R$ 250 milhões no projeto no Brasil, que inclui, além da montagem das motos em Manaus, a abertura de lojas no Sul e Sudeste.
Os benefícios fiscais garantidos às empresas instaladas em Manaus e o acesso à cadeia de suprimentos — o polo de duas rodas no Brasil se concentra na capital amazonense, com 1,7 milhão de unidades fabricadas em 2024 — atraíram a italiana ao Polo Industrial de Manaus. A empresa, no entanto, não planeja construir fábrica própria na capital amazonense. Segundo o CEO da empresa, Fabrício Morini, a DBS atende as expectativas da italiana.
“O foco da Moto Morini é a qualidade. Nós encontramos um parceiro que nos deu esse conforto de vir para o Brasil e dizer: ‘aqui tem qualidade, que é o que nós prezamos'”, disse Fabrício. “Se a sua pergunta direta é se o grupo tem intenção de instalar uma fábrica aqui no Brasil, a resposta é não. Porque nós estamos muito bem servidos com a DBS. Hoje não há essa pretensão”, completou.
De acordo com o CEO da Moto Morini, o objetivo da italiana é montar entre 800 e 1.000 motos até o fim do ano e, nos próximos anos, expandir a produção para 5 mil veículos anuais.
“São cerca de 300 motos que vem neste primeiro momento. A partir de julho começa a vir mais motos. Nosso plano para este ano é vender cerca de 800 a 1.000 motos ainda em 2025. No próximo ano vamos dobrar esse número para 2 mil. E nos próximos anos esperamos vender cerca de 5 mil motos por ano”, afirmou Fabrício.

Montagem
As peças das motocicletas são fabricadas em Taizhou, na China, e são enviadas para o Brasil para montagem. Trata-se de produção no estilo CKD (Completely Knocked Down), que é um método de produção e logística em que os veículos são fabricados em peças separadas e depois montados em outro local, geralmente em um país diferente do de fabricação.
De acordo com Raphael Dimario, diretor industrial da DBS, inicialmente, serão fabricadas seis motocicletas por dia. Os dez funcionários envolvidos diretamente com o projeto têm experiência na montagem de motor e foram treinados com base em técnicas de produção chinesas.
“Os operadores que aqui estão não são operadores que estão começando no ramo de duas rodas. Todos eles já vem com expertise de montagem de motor e de chassi de outras [marcas] de fora e de dentro de casa”, afirmou Dimario.
“Nós já montávamos anteriormente motos aqui. Não à combustão, mas elétrica. Então, a montagem de chassi é bem similar. Então, conseguimos também fazer com que colaboradores que estavam aqui antes fossem promovidos para essa linha que a gente está na Morini”, completou.

Dimario afirmou que a montadora brasileira enviou à sede da Moto Morini, na China, um engenheiro e um supervisor de produção para aprender técnicas de montagem. “Eles foram lá pegar o treinamento direto da origem. Ficaram 45 dias lá e aprenderam a fazer toda a parte da montagem dos três modelos que estamos fazendo agora aqui”, disse Dimario.
“Com a volta deles, nós fizemos toda a parte da estruturação da fábrica. As linhas de produção estão separadas em linha de motor, linha de chassi e inspeção final, e esse supervisor de produção multiplicou todo o treinamento para os operadores”, completou.
Por serem motos estilo premium, o processo de montagem é mais demorado que as motos comuns. “Para um motor ficar pronto, ele leva aproximadamente de três a quatro horas. Na parte de chassi é quase isso também. São quase cinco horas para poder montar uma moto completa. Parece muito tempo — e é mesmo —, mas a gente divide as operações”, afirmou Dimario.
O diretor explica como ocorre a montagem. “Hoje eu divido o motor em dois e o chassi também em dois. Então, em média, agora que está começando o trabalho, um motor está saindo a cada duas horas. Mas depois, com várias melhorias, esse tempo vai cair bastante. A gente vai conseguir alcançar a meta que é de seis motores dias e seis chassis no dia também”, disse.

Moto Morini no Brasil
De acordo com Fabrício Morini, o projeto de produzir no Brasil foi lançado em 2024 no Festival EICMA, em Milão, na Itália.
“O projeto do Brasil foi lançado no ano passado, no Festival EICMA, em Milão, depois de 55 países onde a Moto Morini está presente com essa nova configuração, com os novos modelos – X-Cape, Seiemmezzo e Calibro. A Moto Morini, definitivamente vai estar presente no Brasil”, disse Fabrício.
O projeto será oficialmente lançado no fim deste mês em um evento em São Paulo. “Entre os dias 28 de maio e 1º de junho, a Moto Morini faz seu lançamento de concretização oficial, que é onde o público vai poder tocar e andar nas motos, no Festival Interlagos, em São Paulo. Estamos preparando uma grande festa para receber este público que está carente da moto italiana no Brasil”, afirmou Fabrício.
Lojas
A Moto Morini também vai instalar lojas no Brasil, mas elas ficarão em estados do sul e sudeste brasileiro: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As motos tem preços entre R$ 50 a 55 mil para o consumidor. “Nós ainda não temos pretensão de ter lojas em Manaus”, afirmou Fabrício Morini.
“O nosso plano de abertura de lojas é depois do dia 15 de junho abrir a primeira loja em São Paulo, que é onde vai funcionar a primeira operação da Moto Morini. Em outubro, vamos fazer três a quatro lançamentos: Paraná (Curitiba), Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, completou.
Fabrício afirmou que as garantias da Zona Franca de Manaus atraem empresas. “A Zona Franca de Manaus é um direito do brasileiro coletivo. É isso que eu penso. O que garante que mais marcas, não só a Moto Morini, queiram vir para o Brasil. Ao contrário, se não houvesse isso, não teria motos rodando no Brasil. A possibilidade que a Zona Franca dá para marcas como a nossa e tantas outras é muito importante para que a gente se dedique a colocar o projeto no Brasil”, disse.
