EDITORIAL
MANAUS – Janeiro já entrou para a história pela crueldade com que pessoas morreram nesta pandemia de Covid-19 pela falta de oxigênio. O mundo ficou em choque com o que aconteceu por aqui a partir da segunda semana do primeiro mês de 2021. Os números só confirmam o que foi exposto nos meios de comunicação e nas redes sociais: 1.861 mortes nos primeiros 24 dias.
É isso mesmo: o Amazonas em janeiro já acumula 1.861 mortes até o dia 24, 234 a mais do que em maio de 2020, o pior mês do ano passado, com 1.627 mortes.
Os números constam nos boletins diários de Covid-19 divulgados pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) a partir de abril do ano passado (confira a tabela abaixo com o número de mortes mês a mês).
A curva da primeira onda de Covid-19 no Amazonas teve seu pico entre a segunda quinzena de abril e a primeira de maio de 2020. E o dia 28 de abril, foi o recorde do ano passado, com 99 mortes pela doença.
Passada aquela primeira onda, o Estado só voltou a ter um aumento significativo de óbitos por Covid no último dia do ano. Em 31 de dezembro de 2020 foram registrados 34 mortes. Já era a materialização de uma nova onda.
Naquela semana, o Governo do Amazonas já havia alertado a população de que era necessário aumentar os cuidados e o isolamento social. Decretou o fechamento do comércio não essencial, mas uma onda de protestos fez com que o governador Wilson Lima recuasse. As aglomerações dos protestos e das compras e festas de fim de ano contribuíram para o aumento da transmissão do vírus.
Janeiro, então, começou com a curva ascendente, mas foi nas duas últimas semanas que a situação se tornou crítica. Na semana de 10 a 16 de janeiro foram registradas 454 mortes e, na semana seguinte, de 17 a 24, 1.023 óbitos.
Na capital, a situação é bem mais complicada por concentrar o maior número de pessoas infectadas, onde os leitos foram esgotados e, consequentemente, onde morreram mais pessoas por complicações da Covid-19.
Das 1.861 mortes em janeiro, 1.454 foram em Manaus. As outras 407 ocorreram em alguns municípios do interior do Estado.
Diante da gravidade da doença na capital e no interior do Estado, onde a curva começa a ascender, a população entendeu a necessidade do isolamento social, uma medida que não evita a contaminação, mas a reduz sensivelmente.
Teremos uma semana com fechamento quase total do comércio em Manaus e nos municípios do interior. É necessário se o Estado quer preservar vidas.
Confira abaixo a evolução dos óbitos na capital e interior do AM mês a mês:
O gráfico abaixo mostra a curva de óbitos desde março de 2020 até 24 de janeiro de 2021: