Da Redação
MANAUS – O ativista, músico e luthier Rubens Gomes, de 60 anos, morreu na noite dessa quinta-feira, 28, em Manaus, vítima de uma parada cárdiorespiratória. Rubão, como era conhecido, foi o fundador da Oela (Oficina Escola de Lutheria da Amazônia) criada em 1998 para ajudar jovens em situação de vulnerabilidade social no bairro Zumbi dos Palmares, na zona leste da capital.
Em 20 anos, a Oela formou 2.300 alunos e passou a se dedicar as causas ambientais transformando-se na primeira lutheria do mundo a trabalhar com madeiras amazônicas certificadas com o selo FSC (Forest Stewardship Council) de cadeia de custódia.
Para dar conta de ajudar as comunidades carentes, Rubão conseguiu articular parcerias para atuar na área educacional com o Cetam (Centro de Educação Tecnológica do Amazonas) e o Coletivo Coca- Cola oferecendo cursos de informática, preparação para o mercado de trabalho, curso de Libras entre outros.
A organização também passou a atuar com o projeto ESS (Esporte Educacional e Sustentabilidade) patrocinado pela Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, oferecendo práticas esportivas como taekwondo, remo e esportes coletivos, além de educação socioambiental para crianças e adolescentes do bairro Mauazinho, zona leste.
Seu trabalho não se limitou a Manaus. Ele implantouo um projeto no arquipélago do Bailique, no Amapá. Rubão se uniu às comunidades daquela região para a produção de açaí de maneira sustentável, gerando oportunidade de renda.
Em uma declaração marcantes ao receber a Medalha de Honra ao Mérito na ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) em 2015, Rubão expôs os motivos de sua dedicação: “A transformação social só será possível em nosso país se todos fizerem sua parte, e nós escolhemos fazer a nossa parte”.
Projeção internacional
Por conta do projeto de lutheria, a OELA se tornou uma organização conhecida internacionalmente pelo trabalho social e a luta pela preservação do meio ambiente, conquistando vários prêmios. Em 2009, em visita a Amazônia, o herdeiro do trono britânico, o príncipe Charles de Gales, esteve em Manaus e conheceu pessoalmente o projeto.
Em novembro de 2018, Rubens Gomes foi submetido a um transplante pulmonar na cidade de Porto Alegre (RS) e chegou a ficar um ano e oito meses distante de Manaus para cumprir o tratamento. Mesmo com todas as complicações de saúde, Rubens retomou o curso de luteria em 2019 após dois anos de paralisação das atividades. O novo projeto retornou com apoio da Brazil Foundation e patrocínio do Basa (Banco da Amazônia).
Rubens deixa a viúva Jessica Santos, que é coordenadora geral de projetos da OELA. Ele não tinha filhos.