Por Guilherme Nery, do ATUAL
MANAUS- Moradores que perderam casas no incêndio em Manaus, sábado (20), pedem doação de alimentos básicos como arroz, feijão e café. O incêndio destruiu 30 casas de madeira na Comunidade do Céu, no Centro de Manaus, e deixou 270 pessoas desabrigadas.
O incêndio ocorreu por volta das 11h ocasionado por um curto-circuito em uma residência. O fogo se alastrou rapidamente para outras casas, todas com estrutura de madeira. Imóveis de alvenaria também foram atingidos.
Na manhã desta segunda-feira (22) ainda havia fumaça em restos de madeira. Alguns desabrigados procuram pertences em meio a cinzas e destroços. Moradores próximos que não foram afetados improvisaram uma espécie de irrigação com canos para jogar água nas casas e prevenir contra novo foco de incêndio.
Um dos desabrigados, Raimundo Nonato da Silva Carneiro, 55 anos, morava há mais de 18 anos no local. “Hoje está tudo em cinzas, nós queremos uma moradia, tudo acabou”, disse.
Na casa de Raimundo sobrou apenas um cômodo: o banheiro, por ser de alvenaria. O restante foi destruído, pois era de madeira. Raimundo diz que conseguiu sair do local com apenas duas coisas: a roupa do corpo e seus documentos pessoais.
Raimundo está abrigado na Escola Municipal Dr. Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, no bairro Presidente Vargas, zona sul de Manaus. O abrigo foi improvisado para alojar as vítimas e também receber doações. No momento, a necessidade é de alimentação.
“Se alguém quiser levar doação, nós estamos precisando. Roupa já temos muita lá, mas precisamos de comida. Ontem (domingo) teve apenas sopa porque estamos precisando de alimentação básica, café, almoço”, disse Raimundo.
Também desabrigada, a autônoma Lenice da Silva Arcanjo, 42 anos, preferiu não ir para o abrigo e optou por ajuda de amigos. Ela disse que precisa de panelas para voltar a trabalhar, pois é vendedora de mingau. Lenice morava na comunidade há 32 anos.
“Tudo que eu construí, se acabou tudo. Metade das minhas panelas destruídas, acabou tudo que eu construí, eu perdi tudo. Sabe, você fecha os olhos e você ainda vê na lembrança as coisas pegando, queimando as suas coisas que você trabalhou, construiu com sacrifício, e acabar em cinza”, lamentou Lenice.
Para ajudar a autônoma com qualquer valor, o PIX é o número de celular: (92) 99228-1552.
A Sejusc (Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania) e a Seas (Secretaria de Saúde do Amazonas) farão o cadastramento das famílias para fornecer auxílios públicos. O processo inclui triagens para identificar as necessidades dos desabrigados, como documentos pessoais, doações de roupas e água.
Falta de água
Desde sábado, segundo os moradores, a concessionária desligou o abastecimento de água no local. O desligamento não foi apenas nas casas atingidas pelo incêndio, mas também na vizinhança. Edinilson Tavares, que mora próximo, reclamou da falta de água.
“Certas partes daqui pegou fogo, mas os locais que não foram atingidos estão sem água desde sábado. O que estamos reclamando é a demora do religamento da água, ninguém tá irregular. Além de tudo que já aconteceu, ficar sem água é difícil”, disse Edinilson.
O ATUAL entrou em contato com a concessionária Águas de Manaus para questionar se há uma previsão para religar a água. A empresa informou que “equipes atuaram na correção de vazamentos de água no local do incêndio no sábado (20) e no domingo (21)”.
“A Águas de Manaus informa que equipes atuaram na correção de vazamentos de água no local do incêndio no sábado (20) e no domingo (21). A concessionária também disponibilizou caminhões-pipa após o ocorrido. A empresa enviou uma equipe novamente hoje ao local para seguir com as correções”, informou a empresa em nota.
(Colaborou Feifiane Ramos e Murilo Rodrigues)