MANAUS – Nas últimas duas décadas, com o avanço da tecnologia sobre o fazer cotidiano, o eleitor de Manaus ouviu a promessa de transformar a capital amazonense em uma “cidade inteligente” em relação ao trânsito. Em 20 anos, a aluna Manaus não saiu da alfabetização. A “cidade burra” se mantém imponente, com um trânsito caótico e uma mobilidade urbana capenga.
Esse problema exige uma resposta não apenas dos candidatos que se preparam para disputar o cargo de prefeito de Manaus, mas do político eleito para governar a principal capital do Norte do Brasil. É inconcebível conviver com problemas dessa ordem por tanto tempo.
O problema da mobilidade deficiente impacta diretamente na economia e resvala na saúde e bem estar da população. O trabalhar perde muito tempo dentro de um ônibus para ir ao trabalho e voltar para casa (estresse); o motoristas de empresas que fazem entrega poderiam ser muito mais produtivos (economia); os taxistas e motoristas de aplicativos veem seus lucros escapar pelos dedos numa cidade em que o trânsito não anda e o preço da gasolina é absurdo, e os cidadãos de um modo geral também veem seu dinheiro derreter no calor infernal de uma cidade que tem o trânsito parado (economia e estresse juntos).
Mas a mobilidade não se resume apenas ao transporte. É preciso pensar no pedestre, principalmente nas avenidas de maior circulação de veículos e pessoas, como é a Autaz Mirim, na zona leste de Manaus. Sem calçadas, o pedestre disputa espaço com os carros ao longo de 5 quilômetros, entre os bairros São José e Jorge Teixeira.
Mobilidade decente também é preocupação com as ruas dos bairros. Um esforço para não deixar pistas esburacadas e, muitas vezes, intrafegáveis. É inegável os esforços da atual gestão do prefeito Arthur Virgílio Neto para pavimentar as ruas de Manaus, mas esses esforços não podem ser abandonados, precisam ser ampliados, com prioridade aos bairros em pior situação.
Por fim, mas um problema que deve ser o primeiro enfrentado pelo próximo gestor, é o transporte público. Uma cidade com 2,2 milhões de habitantes não pode conviver com um transporte público que é oferecido atualmente.
É necessário que o próximo prefeito comece a construir um modal de transporte de massa, sem se preocupar se será ele o político a inaugurar a obra. Um metrô de superfície ou VLT (veículo leve sobre trilhos) talvez seja a solução mais adequada, mas é preciso pensar em uma malha ferroviária que atenda a toda a cidade, e não uma linha capenga, como foi o projeto do monotrilho, que consumiu R$ 10 milhões e não saiu da estaca zero.
Um gestor sério busca a iniciativa privada, começa a obra e impõe ao próximo gestor a continuidade dos serviços, pela importância que ele carrega para a vida dos cidadãos.
O Brasil, em um passado remoto, quando o dinheiro era muito mais escasso, construir obras de infraestrutura que perduram até os dias atuais. Outras foram importantes para a época, mas abandonadas ao longo do tempo, como foram os bondes elétricos de Manaus.
O eleitorado precisa estar atento. Parte dos candidatos que disputarão a Prefeitura de Manaus já teve a oportunidade de mudar a realidade do transporte e da mobilidade urbana, e não fizeram. Até prometeram, mas não fizeram.