Por Angela Boldrini e oelmir avares, da Folhapress
BRASÍLIA-DF – A nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), assinou nesta quarta-feira, 2, seu termo de posse, discursou ignorando a questão de demarcação de terras indígenas e disse que trabalhará pela redução da burocracia. “Simplificar não é precarizar”, afirmou ela, sem mencionar casos específicos.
Em 2017, uma das maiores polêmicas do setor foi protagonizado pela então presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, que capitaneou a aprovação de projeto que facilita o registro de agrotóxicos no país, inclusive os considerados de alta periculosidade. O texto, aprovado em comissão presidida pela deputada, não chegou a ser votado no plenário da Câmara.
No discurso, a ministra ignorou a questão da demarcação de terras indígenas, retiradas da Funai e repassadas ao Ministério da Agricultura por medida provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), nessa terça, 1º.
Cristina afirmou que um dos grandes desafios da pasta será a titulação de terras de agricultura familiar e disse que é preciso haver segurança jurídica no campo. De acordo com ela, isso determina a ‘subordinação’ dos pequenos produtores a programas sociais.
A ministra afirmou ainda que o Brasil é um dos países com legislação mais avançada em termos de preservação do meio ambiente e disse que são feitas “acusações de todos os lados” por “temor em outros participantes do mercado”. “Acusações infundadas partem de todos os lados, inclusive de organizações internacionais”, disse Tereza, referindo-se especialmente à questão climática. Ela defendeu que o Brasil não é “um transgressor a ser incriminado”.
Bolsonaro
já afirmou que pretende deixar o Acordo de Paris, que busca limitar a emissão
de gases de efeito estufa. Além disso, o desmatamento na Amazônia cresceu 14%
entre 2017 e 2018 e foi o maior desde 2008.
“O currículo dos meus secretários é muito melhor do que o meu. Então temos
obrigação de fazer um grande mandato”, disse ela, que na cerimônia deu posse
aos auxiliares.
Compareceram à posse de Tereza, uma das duas únicas mulheres do primeiro escalão do governo Bolsonaro, outros colegas de Esplanada, como Osmar Terra (Cidadania), Luiz Henrique Mandetta (Saúde), E Tarcisio Gomes (Infraestrutura). O agora ex-ministro Blairo Maggi não compareceu. Ele anunciou recentemente que está se aposentando da política. Além de ministros, também foram à cerimônia parlamentares ligados ao setor e representantes do mercado, como o ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, atual presidente do conselho de administração da gigante de alimentos BRF.