Por Cintia Guimarães, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – O aumento dos juros para financiamentos, a inflação a 8,5% e a falta de confiança do consumidor tem afetado o mercado imobiliário que acumula estoques de imóveis e reduz lançamentos previstos para este ano, destaca o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Amazonas (Sinduscon-AM), Eduardo Lopes.
De acordo com dado da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), no primeiro trimestre deste ano foram destinados R$ 24,070 milhões para aquisição e construção de imóveis, resultado 4,83% inferior ao do mesmo período do ano passado cujos recursos financiados foram R$ 25,234 milhões. Dos R$ 24,070 milhões de recursos aportados no primeiro trimestre deste ano, R$ 18.488.984 foram destacados para aquisições de imóveis e R$ 5.581.392 para construção.
Em nível nacional o resultado também foi 4,6% inferior ao do mesmo período do ano passado no primeiro trimestre deste ano foram destinados R$ 24,1 bilhões à aquisição e construção de imóveis.
Feirão da Caixa
O presidente do Sinduscon-AM acredita que o Feirão de Imóveis da Caixa, que será realizado nos dias 12, 13 e 14 de junho em Manaus, vai ser mais modesto em termos de número de imóveis disponíveis e expectativas de vendas. Os números do Feirão devem ser divulgados pela Caixa em uma entrevista coletiva nos próximos dias.
“Porque a pujança do mercado já não existe mais, não sei mensurar porque estamos esperando os números do IVV (Índice de Velocidade de Vendas). O mercado está muito desaquecido em função da economia. Temos estoque e preços estagnados e todo o país. O empreendedor está muito cauteloso em relação aos novos empreendimentos. Estamos acreditando menos, há confiança menor do investidor. O comprador fica desestimulado, não quer criar dívida”, diz Lopes.
O feirão é parte do calendário da Caixa Econômica Federal que promove este ano o mutirão em 16 cidades brasileiras para fomentar o mercado imobiliário.
Saques na poupança
As cadernetas de poupança dos agentes financeiros do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registraram saídas líquidas de R$ 9,2 bilhões, em março. O endividamento dos consumidores e a diminuição nos índices de confiança, atrelados à perda de atratividade provocada pela alta dos juros básicos (Selic), foram os fatores que provocaram a maior retirada mensal líquida de recursos da poupança para os meses de março. Com a taxa Selic a 13% ao ano, os juros mais altos encarecem o financiamento da dívida imobiliária.
Isso preocupa o governo porque a poupança é que financia o crédito imobiliário. “Eu gostaria muito que bancos privados crescerem sua carteira imobiliária. Mas precisa de indução dos governos. Seria algum alento, mas não vemos essas perspectivas. Tudo indica que vamos passar um período de muito aperto”, diz Lopes sem otimismo.
No período acumulado de 12 meses encerrado em março de 2015, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos das cadernetas de poupança do SBPE alcançou cerca de R$ 112 bilhões, inferior em 2% ao apurado nos 12 meses precedentes.