MANAUS – Menos de um mês depois de surpreender o secretário de Saúde, Pedro Elias de Souza, e o diretor da Fundação Cecon, Edson de Oliveira Andrade, com a notícia de que entregaria a direção do hospital do câncer a uma Organização Social de Saúde (OS), o governador José Melo (Pros) determinou, nesta terça-feira, 29, o afastamento do diretor e deu ordens ao secretário para que atue mais diretamente na unidade e preste informações semanais ao chefe do executivo.
A informação foi dada nesta terça-feira por Pedro Elias de Souza durante entrevista coletiva em que fez uma espécie de prestação de contas da saúde no Estado. Ele disse que o governador decidiu mudar o formato de gestão da Fundação e que essa mudança inclui o compartilhamento de responsabilidades entre o novo diretor, que será nomeado nos próximos dias, e o secretário da Susam.
Além da troca de comando na Fundação Cecon, Pedro Elias também anunciou a liberação de R$ 10 milhões para a unidade de saúde, dinheiro que será aplicado, principalmente, na compra de medicamentos para pacientes que estão na fila de espera da quimioterapia e radioterapia.
O valor é menos do que o governo deixou de repassar à Fundação Cecon neste ano. Estava autorizado no orçamento de 2015 R$ 83,7 milhões para a unidade, mas até nesta terça-feira, apenas R$ 76,5 milhões haviam sido empenhados e desse total, só R$ 65 milhões foram pagos, apesar de R$ 70,9 milhões já estarem liquidados. Esses dados são do Portal da Transparência do Estado.
De acordo com Pedro Elias, os R$ 10 milhões vão possibilitar que o hospital do câncer minimize a fila de espera tanto para cirurgias quanto para quimioterapia e radioterapia. Segundo ele, até esta quarta-feira, uma equipe designada para fazer um levantamento dos problemas da unidade conclui o relatório que vai apontar os passos a serem dados no sentido de reduzir a demanda. “Se necessário for, vamos contratar serviços da rede privada”, disse o secretário.
Pedro Elias afirmou que a Fundação Cecon foi a unidade que mais sentiu os efeitos da crise econômica brasileira e que afetou a saúde do Estado. “As demandas de outras especialidades podem ser atendidas em várias unidades do Estado, mas os pacientes com câncer só tem uma opção, que é a Fundação Cecon”, disse Pedro Elias.
Ele disse que a crise afetou a saúde muito além da escassez de recursos. Com as demissões no Distrito Industrial de Manaus, por exemplo, Pedro Elias afirma que os trabalhadores perderam seus planos de saúde e migraram da rede privada para a rede pública de saúde. “A estimativa é de que pelo menos 120 mil pessoas passaram a ser atendida na rede pública, o que aumentou consideravelmente a demanda nos hospitais”, disse.
Obrigação de fazer
O secretário também comentou, provocado pela reportagem do AMAZONAS ATUAL, sobre a decisão da Justiça Federal, que obriga o governo do Estado a repassar R$ 1,47 milhão à Fundação Cecon por mês para garantir a compra de medicamentos. Ele admitiu que houve atraso no repasse desses recursos no passado recente, mas disse que os repasses estão em dia.