Do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – Mais de 40% das médicas no Brasil dizem já ter sofrido assédio moral no exercício da profissão, como revela um estudo do Research Center, núcleo de pesquisa da Ayfa, maior grupo de educação e soluções para médicos no Brasil.
Embora o número de médicas tenha quase dobrado no País na última década – chegando a 260 mil profissionais – os problemas persistem como relatam no estudo.
O assédio moral ocorre, segundo as profissionais, por parte dos pacientes e seus parentes, mas também por colegas e superiores no ambiente de trabalho.
Em depoimentos anônimos, elas relataram casos que ilustram bem a realidade: “Numa roda de médicos, sendo eu a única mulher, ao colocar meu ponto de vista, fui ridicularizada e desdenhada por todos eles”, contou uma das profissionais que participou do levantamento.
A desconfiança do diagnóstico vindo de uma mulher também é uma realidade para 36% das entrevistadas. “Faço visita como intensivista e sempre perguntam a que horas o doutor vai passar. Fiz ortopedia também, larguei por assédio moral”, relatou uma médica.
O problema mais presente para 70% das entrevistadas é a dificuldade de conciliar a vida profissional com a pessoal. As médicas relatam que não há tempo para ser mãe, ou mesmo pensar em ter filhos, cumprindo as cargas horárias exigidas pela maioria dos hospitais.
O estudo de abrangência nacional envolveu 254 profissionais de saúde dos 20 aos 59 anos, a grande maioria (57%) médicas especialistas. Outras 32% são profissionais generalistas (ou seja, que ainda não concluíram uma especialização) e 11% estão fazendo a residência médica. Mais de um terço das mulheres que responderam à pesquisa (36%) são mães.