A pandemia do novo coronavírus mostra a situação precária da administração da cidade de Manaus e a falta de políticas públicas que cuidem dos bairros, da saúde, do transporte, das ruas, da segurança, do trânsito, das escolas, das pessoas, dos jovens. Manaus precisa de prefeito.
Do total de 2.942 mortes devido ao coronavírus, 63% ocorreram em Manaus. O sistema de saúde estava precário, e assim continua. No atendimento da saúde básica, que a Prefeitura é responsável, não se atinge 40% da cidade. Falta Unidade Básica de Saúde em mais da metade dos bairros. Com isso, não tem clínico geral, dentista, pediatra, ginecologista, atendendo a população. É necessário construir mais UBSs nos bairros mais pobres de Manaus.
Têm bairros inteiros sem espaço de lazer, sem praças arborizadas, sem um campinho para o futebol dos jovens. É lamentável que os jovens sejam esquecidos. O prefeito Arthur Neto acabou de extinguir a Secretaria Municipal da Juventude, Esporte e Lazer. Eu sonho com uma cidade que valorize os jovens, que dê oportunidades, que dê um futuro, não com drogas ou violência, mas com educação, trabalho e cultura.
O prefeito disse que na reforma administrativa que estaria economizando mais de R$ 200 milhões, mas faz um empréstimo de R$ 300 milhões, endividando o município e “torra” mais de R$ 500 milhões entre 2013 e 2019, com publicidade e propaganda. Além disso, entre janeiro de junho de 2020, foi arrecadado R$ 372 milhões a mais em relação ao mesmo período de 2019, conforme o Portal da Transparência. Então, tem muito dinheiro.
Com isso, não podemos aceitar o abandono dos bairros, com a maioria das ruas esburacada, muitas sem iluminação pública, favorecendo assaltos; bueiros sem tampa e perigosos no período de chuvas; trânsito “infernal”, sem orientação e sinalização. Esses recursos adicionais de arrecadação de 2020 e os empréstimos devem ir para cuidar dos bairros, da periferia, dos lugares que mais precisam. Se deixar, o prefeito gasta tudo isso nos bairros nobres e esquece os bairros mais pobres.
Tem muita gente sem casa, sem um lote de terreno para construir seu lar. Na pandemia, muitas famílias, morando em situações precárias, não podiam ficar em isolamento social dentro de casa, quando algum parente teve a doença do coronavírus. Famílias inteiras foram contaminadas por falta de uma moradia digna.
O mesmo acontecendo no transporte coletivo. O sistema de transporte está falido. Cada dia tem menos ônibus circulando, pois quase 25% da frota têm mais de 10 anos. A população está aumentando, mas a quantidade de ônibus diminuindo. Imagine que a 7ª maior cidade do país, a maior cidade da Amazônia, não tem um transporte de qualidade para o povo. Para piorar, o prefeito manteve o contrato com as empresas, que não cumprem as metas, não trazem ônibus novos e maltratam a população.
Os professores estão discutindo a volta às aulas. O retorno de milhares de alunos, professores e funcionários das escolas pode aumentar a contaminação da doença. Nas salas de aula, será necessário o distanciamento entre os alunos e medidas de proteção. Mas, como isso será possível, quando um terço das escolas tem instalação alugada, em estado precário, com estrutura apertada e pouco espaço. Também muitas escolas do município são pequenas, sem espaço de convivência. O perigo é grande. Está na hora da Prefeitura construir escolas e cumprir a lei de minha autoria, que define o número máximo de alunos por sala de aula, para evitar superlotação.
Por isso, não há dúvida, Manaus precisa de um prefeito que cuide da vida do povo, que cuide dos bairros e proporcione qualidade de vida para quem aqui vive. Muitas pessoas já morreram devido à pandemia. Minha solidariedade às famílias das vítimas fatais.
Mas muitas pessoas estão nos hospitais sofrendo na esperança de ficar bem de saúde. O prefeito também está doente, mas não acreditando na estrutura de saúde em Manaus foi buscar ajuda em hospital de São Paulo. Desejo a ele, Arthur Neto, que possa se recupera e ter saúde, pois entendo que política não se faz com ódio no coração, mas com debates e respeito à vida, seja de quem for. Minha solidariedade ao prefeito e a todos que estão nos hospitais enfrentando algum problema de saúde.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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