EDITORIAL
MANAUS – Os moradores de Manaus se comportam como se a pandemia de Covid-19 fosse coisa do passado. A impressão é de que a população já esqueceu o caos vivido em janeiro e fevereiro deste ano, quando a capital do Amazonas foi notícia no mundo inteiro.
Nas ruas, o uso de máscara deixou de ser obrigação para boa parte da população. Aqueles que ladravam contra as autoridades por fechar o comércio, agora atendem o público sem o uso da máscara, e encorajam os clientes a fazem o mesmo.
A oferta de álcool em gel, que também é uma das condições para a reabertura do comércio, está cada vez mais rara nos estabelecimentos. Em alguns supermercados, ainda há um funcionário com um medidor de temperatura na porta, mas é rara a higienização dos carrinhos, como era feito no pico da pandemia neste ano.
O distanciamento social não é uma ficção, mas uma opção. O consumidor pode e deve evitar entrar em um estabelecimento com lotação acima do normal, mas a cegueira do consumismo predomina. Nesta quinta-feira, 1°, uma loja de chocolates na zona centro-sul de Manaus tinha fila quilométrica do lado de fora, sem que as pessoas observassem a distância recomendada pelas autoridades de saúde.
Esse mesmo comportamento foi verificado no final do ano, quando a população foi às compras para o Natal e o Réveillon: supermercados superlotados, aglomeração extrema em um espaço com ar-condicionado, um prato cheio para a disseminação do vírus.
O resultado veio antes do final do ano. A segunda onda em Manaus começou a partir do dia 16 de dezembro e chegou ao pico na segunda quinzena de janeiro.
Neste momento, o Amazonas tem estabilidade no número de mortos, mas ainda estão morrendo em média 20 pessoas por dia. O número de novos casos ainda é preocupante. Nesta quinta-feira, 1°, foram confirmados mais 1.165, e o Estado tem uma média móvel diária de 1.022 casos novos.
Em Manaus, a situação é mais confortável, mas não custa lembrar que as duas ondas da pandemia no Estado começaram pela capital. Atualmente, o número de mortes é de 9 pessoas por dia, na média móvel, e o número de novos casos, 389.
Para quem teve uma média móvel de mortes diária de 116 vítimas de Covid, em janeiro, e de 1.664 casos novos, Manaus vive uma situação de tranquilidade. Mas enquanto a vacinação não avançar mais, os cuidados devem ser mantidos para se evitar uma terceira onda.
Até aqui, apenas 10,9% da população da capital receberam a primeira dose da vacina: são 241.277 pessoas de uma população estimada em 2.219.580 (dados do IBGE). Ainda é muito pouco para o manauense brincar com o vírus.