Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Mobilidade, saúde, saneamento, moradia, educação e desemprego estão entre as prioridades para o prefeito eleito de Manaus David Almeida (Avante) a partir de 2021. É o que afirmam especialistas ouvidos pelo ATUAL que citaram os problemas que mais afetam a capital e se intensificaram com a pandemia de Covid-19.
Para o sociólogo Marcelo Seráfico, as más condições de moradia geram problemas de saneamento. “É inadmissível que, na terceira década do século XXI, menos de 13% dos cidadãos tenham seus esgotos tratados. Esse problema tem estreita relação com as péssimas condições de moradia experimentadas por cerca de 55% da população da cidade”, diz.
Igualmente analisa o sociólogo Luiz Fernando de Souza Santos. “Segundo dados do IBGE, Manaus tem 53% da população vivendo em moradias subnormais. Tais condições de moradia revelam um outro problema, o saneamento básico”.
De acordo com o arquiteto e urbanista Jean Faria, presidente do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas), o ideal seria começar pelo saneamento. “Como arquitetos buscamos sempre melhorar o ambiente para as pessoas, então sugeriria que ele iniciasse pelo saneamento básico para que pudesse trazer mais saúde, uma vez que a cada dólar investido em saneamento, temos uma economia de US$ 5 na saúde”, diz.
De acordo com Seráfico e Souza Santos, o problema de habitação se agrava com o precário sistema de transporte que não atende de forma adequada todas as zonas da cidade. Como consequência disso, a saúde do trabalhador é afetada.
“Desfrutar de boa saúde se mostra um desafio para quem vive numa cidade cujas condições de vida e trabalho são precárias. Daí que políticas preventivas que incluam habitação e saneamento como parte dos requisitos para evitar o adoecimento da população e, portanto, a pressão sobre o sistema se saúde, devam ser pensadas e executadas de modo integrado”, afirma Seráfico.
Da mesma forma avalia o sociólogo Gilson Pinto Gil. “O trânsito é caótico. São quase 700 mil veículos circulando. Os engarrafamentos consomem tempo da vida do cidadão”.
Para Gilson Gil, o gestor deve repensar o sistema dos ônibus, mas também trazer outras formas de modais. “Só renovar a frota de ônibus, ou reparar as paradas, sem mexer no sistema como um todo, é apenas um retoque, que em breve se esgotará”, diz.
Para o cientista político Afrânio Soares, o novo prefeito precisará de muita determinação para enfrentar as empresas de transporte. “Na área de transporte público existe já uma certa confraria de empresas fornecedoras, vai ter que quebrar esse monopólio. Vai ter que ter bastante autoridade, autonomia e isenção para isso”, afirma.
A saúde, que já era afetada por todos esses problemas, também ficou ainda mais em evidência com a pandemia de Covid-19. “A saúde pública, como os manauaras puderam experimentar na pandemia, está longe de atender às demandas da população local”, diz Souza Santos.
Para Afrânio Soares, a Secretaria Municipal de Saúde deve estar preparada para um aumento na demanda e para a vacinação em massa. “Imagina você vacinar 2 milhões de pessoas em um curto espaço de tempo, seis meses. Tem que ter uma boa organização para isso funcionar”, diz.
Além da saúde, os efeitos da pandemia têm impactos econômicos que vão exigir estratégias para gerar empregos. “A Prefeitura terá de estimular projetos que revitalizem a economia, como as startups, que modernizem nossa matriz econômica e insiram os jovens no mercado de trabalho. O turismo, a gastronomia e o setor de serviços merecem uma atenção redobrada, precisando de planos globais, assim como isenções fiscais temporárias”, diz Gilson Gil.
Para Seráfico, o novo gestor também deve dar atenção especial à educação, que neste ano precisou se reinventar com a suspensão das aulas presenciais. Segundo o sociólogo, é preciso ser trabalhada para que se forme uma consciência pública nos estudantes.
“Sem que se pense numa educação inclusiva, alicerçada na valorização dos profissionais, na adequada infraestrutura das escolas e bairros, e em currículos capazes de incorporar conteúdos necessários ao exercício crítico da cidadania, é improvável que se aprofunde o compromisso e o zelo dos cidadãos com o espaço público, com a vida pública”, afirma.
Discussão
Na avaliação de Souza Santos, a definição dessas prioridades para o primeiro ano de mandato já deveriam estar claras, pois são elas que definem o voto. “O eleitor deveria ter definido o voto segundo a definição dessas prioridades. Mas entre o dever ser e o que é efetivamente, há uma grande distância. Durante a campanha, as ocasiões de debates não serviram para informar a opinião pública sobre o que é prioritário para Manaus. O achincalhe, a política pequena, prevaleceu”, critica o sociólogo.
Para os especialistas, chegar às soluções exigirá diálogo com a população e transparência. “É importante, me parece, reconhecer os problemas da cidade, expô-los publicamente e desenvolver estratégias de debate e decisão que se assentem, a um só tempo, nas realidades específicas dos bairros e zonas da cidade e num projeto de recuperação, valorização e democratização do espaço público”, diz Seráfico.
“O prefeito da cidade mais importante da Amazônia ocidental deveria ter uma intervenção mais pró-ativa no cenário nacional, capaz de dialogar com o Congresso de modo a garantir rubricas orçamentárias para as questões sociais e os problemas públicos que pesam sobre o município”, afirma Souza Santos.
De acordo com Souza Santos, é importante também que a escolha do secretariado seja pautada em critérios de competência ou não políticos. “É momento para romper com a velha disposição de loteamento dos cargos em favor da reorganização das forças que priorizam a manutenção do poder conquistado”, diz.
Para Jean Faria, presidente do CAU, mais que resolver é manter os trabalhos para continuidade por futuros gestores. “Esses pontos observados não são ajustados a curto prazo, precisam de ações constantes e contínuas, para que a médio e longo prazo possamos sonhar com uma cidade melhor”, afirma.
Com a pandemia, o prefeito pode atribuir a isso atrasos na resolução de problemas da cidade. Para Seráfico, a melhor forma de o cidadão discernir a real interferência da Covid-19 na administração de uma desculpa é acompanhando o gestor.
“Esse discernimento só é possível através da análise objetiva dos projetos, dos orçamentos e do calendário de execução de atividades proposto e aprovado pelos prefeitos. É contrastando esses dados que se pode saber o que foi ou não foi realizado em função da pandemia”, afirma.
Ainda bem que são apenas opiniões, ele não vai fazer nada, é apenas um ser humano comum, se olho para os outros que passaram e também não fizeram nada, não vou jogar tudo que está errado pra ele resolver, e os outros não resolveram e não foram cobrados, sairão ainda como AUTORIDADES… esqueçam essas ILAÇÕES de acreditar que essas pessoas vão melhorar a vida das outras, se esforcem, trabalhem, lutem para formar seus filhos, vivam suas vidas, usem o que tem, nada vai melhorar…. As pessoas vivem querendo uma casa e um carro, não conseguem porque não ganham dinheiro suficiente para tal… No poder público é assim, não se faz nada com boa vontade, com sonhos, com opiniões, se faz com ORÇAMENTO… Aí, tem o problema da CÂMARA, do GOVERNO, interessante, são eleitos na mesma cidade, no mesmo estado, e são oposição um ao outro, resumindo, levam a cidade, o estado, a população tudo para a pobreza e o que tem de pior em subdesenvolvimento… e esses são os representantes do povo, o povo, claro, só não tem direito ao luxo que eles tem…. O BRASIL NUNCA IRÁ CRESCER PRA LUGAR NENHUM….