
Do ATUAL
MANAUS – Em maio, 1,6 milhão de pessoas estavam inadimplentes no Amazonas, o equivalente a 55,13% da população do estado, segundo o Mapa da Inadimplência da Serasa. Foram 29.574 novos nomes negativados em maio. Manaus concentra 70% dos endividados no estado, com 1.144.675 pessoas nessa situação — destas, quase 500 mil devem a bancos.
Em relação ao mês anterior, o número foi maior. Em abril havia 1.597.231 de inadimplentes no estado, o equivalente a 54,21% da população. Na capital, eram 1.136.112 negativados, dos quais 485.004 deviam a instituições financeiras. O crescimento do número de inadimplentes no estado entre abril e maio de 2025 foi de aproximadamente 1,85%.
Para a professora de Economia na Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Lenice Benevides, o endividamento é reflexo direto da insuficiência de renda para cobrir os gastos básicos. “A gente tem que entender que o endividamento ocorre quando os gastos ultrapassam os recursos. A pessoa precisa pagar água, luz, colégio, remédios e transporte, e a receita não dá conta”, explica.
A especialista cita o uso do cartão de crédito como principal armadilha. “As pessoas parcelam diversas compras, mas perdem o controle das faturas. Quando se dão conta, já estão acumulando dívidas em vários períodos”.
Além das dificuldades pessoais de planejamento financeiro, fatores externos também pressionam as finanças das famílias. “A perda do emprego ou da principal fonte de renda, somada à queda da atividade econômica e à alta dos juros, impacta diretamente no orçamento familiar. O dinheiro emprestado fica mais caro, e as dívidas aumentam”.
Educação financeira
Segundo a economista, o país ainda carece de uma cultura de educação financeira. “Isso deveria ser obrigatório desde cedo. As pessoas precisam entender como funcionam os financiamentos, as taxas de juros e como montar um orçamento doméstico realista”.
O levantamento mostra que as dívidas bancárias representam grande parte da inadimplência no estado. A orientação da economista é buscar negociação. “Procure os feirões do Serasa ou vá diretamente ao banco para renegociar. Tente adequar as parcelas ao seu orçamento para ir abatendo a dívida de forma viável”.