Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O juiz Celso Souza de Paula, da Comarca de Manaus, reforçou, nesta quarta-feira (17), a decisão que autorizou o jornalista Roberto Cabrini, da RecordTV, a entrar no presídio para entrevistar Cleusimar Cardoso Rodrigues e Ademar Farias Cardoso Neto, mãe e irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso, que morreu em maio deste ano.
De acordo com a defesa da família Cardoso, Cabrini está em Manaus e deve entrevistar Ademar ainda nesta quinta-feira (19) no CDPM I (Centro de Detenção Provisória de Manaus). A conversa com Cleusimar será gravada nesta sexta-feira (20) no CDF (Centro de Detenção Feminino). As unidades ficam localizadas no quilômetro 8 da Rodovia 174, que liga Manaus a Boa Vista (RR).
No dia 9 deste mês, Cabrini foi autorizado pelo juiz a fazer as gravações dentro do presídio, mas ele afirma que foi barrado pela direção do local. Em manifestação enviada à Justiça no dia 10, a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) informou que a família tinha decidido que só iria falar com o jornalista quando estivesse em liberdade.
Cabrini apresentou, na segunda-feira (16), duas autorizações escritas à mão por Cleusimar e Ademar. “O requerente conseguiu as autorizações dos réus Ademir Farias Cardoso Neto e Cleusimar Cardoso por escrito (…). Dessa forma, requerer se digne V.Exa. de determinar que o diretor do presídio autorize a realização das entrevistas dos dois réus”, diz trecho do pedido.
A advogada Rosana Maria Assam, que atua na defesa da família Cardoso, explicou que a família inicialmente negou o pedido para conceder a entrevista por orientação da própria defesa, que pretendia preservar a imagem deles. Sem conseguir evitar a exposição midiática do caso, os advogados decidiram atender o pedido para entrevista.
“O objetivo de fazer essa entrevista é justamente para que as pessoas conheçam eles. A mídia conhece o que foi postado e 90% daquilo é mentira. A real verdade das coisas vai ser mostrada a partir do momento em que a mídia ouvir os dois. A entrevista é para que dois possam falar deles mesmo”, afirmou Rosana Assam.
Cleusimar e Ademar foram detidos no dia 30 de maio deste ano por suspeita de integrar uma seita que induzia o uso indiscriminado de ketamina (ou cetamina), um forte analgésico usado em cavalos, para deixar pessoas em transe. A polícia suspeita que o uso abusivo da substancia tenha causado a morte de Djidja.
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Quando foram presos, Cleusimar e Ademar estavam sob efeitos de entorpecentes. Na prisão, eles tiveram crise de abstinência, situação que durou alguns dias para Ademar e algumas semanas para Cleusimar. Agora, conforme Rosana, os dois estão bem. A mãe de Djidja realiza algumas tarefas, como cuidar de animais e de horta, mas ainda chora pela morte da filha.