Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – Cliente do plano de saúde Samel, em Manaus, a técnica de enfermagem Thânia Mychelle Melro Ferreira, mãe de Kaylanne Melro Cumarú, de 1 ano e 9 meses de idade, diz que teve cirurgia de implante coclear bilateral negada para a filha.
Kayllane foi diagnosticada com surdez profunda quando tinha 9 meses e desde lá Thânia busca a operação para recuperar a audição da filha.”A minha filha não escuta o barulho da chuva, o canto de um pássaro, minha filha não escuta a minha própria voz, sinto impotência”, disse.
O plano de saúde havia confirmado a operação para novembro de 2019, mas a empresa adiou a intervenção, segundo Thânia, e não remarcou mais a cirurgia.
A técnica de enfermagem disse que a filha passou por vários exames para conseguir a autorização da cirurgia. “A gente paga um plano de saúde porque acha que vai ter uma segurança, que quando precisar eles vão estar lá pra nos suprir. É diferente quando você tem algo que não pode consertar, mas no nosso caso, a gente pode remediar, só que a Samel não tá proporcionando isso pra ela, em nenhum momento eles estão pensando no bem estar da minha filha”, disse.
O Grupo Samel alega ser impossível o procedimento no momento devido à pandemia do coronavírus. “O procedimento está autorizado pela operadora, mas devido a pandemia do Coronavírus está adiado devido a segurança biológica da paciente e de toda equipe cirúrgica, como recomendada pela 9ª Nota de orientação aos médicos otorrinolaringologistas”, comunicou a empresa à Thânia por e-mail.
A nota citada como embasamento para suspender o procedimento, no entanto, especifica que casos de surdez pré-lingual (quando a criança é diagnosticada antes de desenvolvera linguagem oral) devem ser priorizados por apresentarem piora no quadro. “Os demais procedimentos cirúrgicos que não apresentem piora do prognóstico pelo adiamento, tais como tratamento do colesteatoma não complicado, timpanoplastia implantes cocleares (descartadas as situações de urgência, crianças com surdez pré-lingual) podem ser adiados por mais de 3 meses”, diz a nota.
Thânia chegou a fazer uma denúncia à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no dia 26 de maio, que considerou o caso resolvido após o Grupo Samel informar a restrição devido ao vírus. A Agência informou que “não há motivos para persistir a denúncia da beneficiária, razão pela qual a presente Notificação de Investigação Preliminar deve ser finalizada”.
O Grupo Samel está envolvido em iniciativas de combate ao coronavírus com a gestão do Hospital de Campanha da Prefeitura de Manaus, instalado em escola na zona norte da cidade.
Implante coclear
A fonoaudióloga Mariely Lete explica que a cirurgia de implante coclear é destinado às crianças com surdez profunda, nesses casos somente o aparelho de audição não é o suficiente. “Tem crianças que tem perda auditiva severa e mesmo com aparelho não tem o ganho que proporcione audição. O cocle é o órgão responsável por dar o ganho auditivo, passando o som para parte neural e transformando em impulso sonoro”,disse.
Lete explica também que as crianças possuem uma facilidade nesse processo, mas que não é possível medir o tempo em que conseguem a audição completa. “Em um mês uma criança pode ouvir e responder, mas outras crianças podem conseguir ouvir, mas não interpretar, então depende muito. As crianças têm uma facilidade de adaptação muito boa, conseguimos colocar o implante, com a terapêutica correta”, disse.
Kaylanne hoje tem um aparelho auditivo que utiliza durante todo o dia, mas que não é o adequado para o seu tratamento. “O aparelho não tá trazendo ganho nenhum, ele tá estimulando o nervos auditivo, mas ouvir, com o aparelho ou sem aparelho, ela não ouve”, disse Thânia.
O aparelho foi conseguido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas o sistema não oferece a cirurgia que a criança precisa. “No SUS, onde tantas pessoas reclamam, ela conseguiu o aparelho dela em menos de dois meses, o que ela usa no momento. Ela foi tão bem tratada no SUS, que se tivesse esse procedimento bilateral eu preferia mil vezes fazer lá, do que estar implorando para a Samel fazer”, disse.
Em tom de lamento, a mãe se queixou do desgaste que a tentativa de realizar a cirurgia tem causado. “É frustrante ver cada dia passando, sem a sua filha usar aquilo que ela precisa. A sensação não tem outra coisa, é impotência”, disse.
Thânia reuniu documentos de laudos, denúncias e solicitações da cirurgia e deve entrar com uma liminar na Justiça, para garantir que a filha faça o procedimento.
A reportagem solicitou explicações à Samel, sobre o caso da criança, a assessoria acusou o recebimento, mas até o fechamento da matéria não enviou resposta.
Incrível como a Samel doa cápsulas Vanessa, atua no hospital de campanha, trata personalidades públicas de graça todas lindas ações por sinal. Mas para uma garotinha comum filha de uma família comum que precisa escutar e precisa de uma cirurgia eles adiam e adiam por várias e várias vezes. Afinal não terá marketing ou divulgação né . Vocês se enganaram ela pode não falar ou ouvir mas tem família e amigos para serem a voz dela.
Obrigado Amazonas Atual por dá voz a essa família, por mostrar aos amazonenses que existe uma criança que precisa de ajuda e a Samel se recusa a ajudar.
Vamos lá Samel se importe com os pequenos porque a maioria dos seus clientes são famílias que se esforçam para pagar a mensalidade em dia para garantir a saúde dos seus filhos