MANAUS – José Mujica, o ex-presidente do Uruguai que criou a lei de liberação de comercialização e consumo da maconha, justificou sua decisão assim: “Nós visamos o tráfico de drogas. Não é uma lei de apoio ao vício. É uma maneira de lutar contra a economia do mercado negro”.
Nesta quarta-feira, 19, quatro farmácias de Montevidéu, capital do Uruguai, abriram as portas para vender maconha a usuários cadastrados. Em algumas horas, o estoque foi zerado. Usuários formaram longas filas nas portas dos estabelecimentos antes das portas se abrirem.
Esse fato é uma comprovação do óbvio: há uma demanda em todo o mundo cada vez mais crescente pelo produto e o tráfico de drogas tem se aproveitado da situação para fortalecer seus tentáculos.
O combate ao tráfico de drogas pelas armas, uma invenção dos Estados Unidos, há muito tempo se mostrou um fracasso. O Brasil é o maior exemplo desse fracasso. O Rio de Janeiro e capitais como Manaus vivem sob o domínio do tráfico, com a ajuda de forças do Estado. Os municípios do interior do Amazonas também começam a padecer do mesmo problema. O tráfico não apenas ganha dinheiro com a venda ilegal como leva milhares de jovens para a bandidagem, com treinamento para matar. E eles tanto matam quanto morrem por uma causa inútil.
O Uruguai é um país minúsculo na América do Sul, com uma população de cerca de 3,5 milhões de habitantes, menor que a população do Amazonas (4 milhões), que agora está sob os olhares do mundo. Não deve resolver de vez o problema do tráfico, mas pelo menos começa a recolher imposto de um produto que tem consumo garantido, mas nas mãos do tráfico só deixam prejuízos incalculáveis aos Estados.
A história vai dizer se o ex-guerrilheiro e preso político José Mujica tomou uma decisão acertada.
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Isso não vai acabar com o mercado paralelo .