Por Sofia Aguiar e Caio Spechoto, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que subsídios e investimentos do governo federal no Nordeste são uma forma de garantir “justiça” à região, não um favor. Segundo o petista, se não tiver interferência da União, nenhuma indústria vai para o Nordeste.
“Tem muita gente que fica invocada que a gente favorece muito o Nordeste, que a gente faz muito subsídio para o Nordeste”, disse o presidente durante evento de anúncio de investimentos do governo federal no Rio Grande do Norte nesta quarta-feira (16). O chefe do Executivo citou que estava cansado de ler na imprensa que a região liderava em analfabetismo e mortalidade infantil.
“Não quero tirar nada de nenhum Estado desse país. Quero apenas que todos tenham a mesma chance, a mesma oportunidade e que todos possam desfrutar. Porque, se o Estado não tiver uma certa interferência, nenhuma indústria vem para o Nordeste, nenhuma grande universidade quer vir para o Nordeste”, completou.
Em sua avaliação, o papel do Estado é garantir que todos tenham chance. “Quando a gente faz subsídio, quando a gente faz investimento no Nordeste, não é porque a gente está fazendo favor”, afirmou. “A gente está fazendo justiça, a gente está tentando fazer com que o País seja mais igual”.
Elogio de bolsonarista
O presidente também comentou que a declaração do deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ) a seu favor “teve uma repercussão muito boa” para o governo “e muito ruim” para o parlamentar.
Otoni participou de um evento no Palácio do Planalto de sanção do Dia Nacional da Música Gospel nesta semana e elogiou o presidente. Disse que foi “um dos maiores defensores” do governo Bolsonaro e “crítico político” do PT, mas que os evangélicos estão “entre os brasileiros mais contemplados pelos programas sociais de seu governo, já que os mais pobres e necessitados, os quais Jesus sempre dedicou a maior parte do seu tempo, formam a maioria esmagadora de nossos irmãos”.
Lula relatou o encontro e disse que gostaria de ter perguntado ao deputado porque, então, ele apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Confundiu-se ao chamá-lo de deputado da bancada ruralista (na verdade, ele é da bancada evangélica) e do Pará (ele é do Rio de Janeiro).
“O deputado da bancada ruralista, acho que do Pará, fez uma declaração dizendo que não votou em mim, que muitos evangélicos não votaram em mim. Mas que reconhecia os benefícios aos evangélicos que foram feitos por mim. O Dia do Evangélico, a lei do silêncio que não deixei passar, o Dia do Pastor. Tudo fui eu que criei e ele reconheceu isso. Fiquei com vontade de perguntar: Se você sabe disso, porque votou no Bolsonaro? Bom, mas ele falou e decidi não polemizar”, afirmou.
“Teve uma repercussão muito boa para mim e muito ruim para ele, porque os bolsonaristas estão triturando ele”, completou o presidente.