Do Estadão Conteúdo
RIO DE JANEIRO – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chamou atenção para as mudanças climáticas em seu discurso de abertura da cúpula do G20 nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro. “Os fenômenos climáticos mostram os efeitos devastadores em todos os cantos do planeta”, disse Lula na plenária.
Após a rápida menção ao clima, ele falou de questões sociais. “Igualdade social e de gênero se aprofundam na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas”, afirmou, mencionando os efeitos da pandemia e o aumento da pobreza.
O número de pessoas malnutridas equivale a populações somadas de países como México, Reino Unido, África do Sul e Canadá. “São mulheres, homens e crianças cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados”, afirmou Lula.
O presidente brasileiro ressaltou que a economia mundial produz quase 100 milhões de toneladas de alimentos por ano, “é inacreditável que ainda existam tantas pessoas que passam fome”. O mesmo vale para os gastos militares, que superam US$ 2 trilhões no mundo por ano, enquanto milhões de pessoas não têm acesso à comida. “A fome é produto de decisões políticas que perpetuam exclusão de parte da humanidade”, disse ele.
Segundo o presidente, é preciso o mundo se unir para acabar com a fome no planeta. “Se assumirmos a responsabilidade do combate à fome e à pobreza, conseguiremos ter sucesso”, afirmou.
O chefe do Executivo agradeceu a “generosidade” dos presentes, que, segundo ele, está transformando o Rio de Janeiro na “capital do mundo” neste dia 18 de novembro. “É muito importante o que vamos discutir daqui e eu tenho certeza que, se nós assumimos a responsabilidade nesse assunto da fome e da pobreza, nós poderemos ter sucesso em contê-lo”.
Lula enalteceu as qualidades do Rio de Janeiro, lembrando que o município é conhecido como “cidade maravilhosa”. “De um lado, a beleza exuberante da natureza, sob os braços abertos no Cristo Redentor, um povo diverso, vibrante, criativo e acolhedor. De outro, injustiças sociais profundas. O retrato vivo de dificuldades históricas e persistentes”.
Lula lembrou que esteve na reunião do G20 durante a crise financeira internacional de 2008 e 2009. Dezesseis anos depois, de acordo com ele, as coisas não melhoraram. “Constato com tristeza que o mundo está piorando, há um maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já existente. Os fenômenos mais extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta”, citou o presidente brasileiro.
(Reportagem: Altamiro Silva Junior, Célia Froufe e Sofia Aguiar)