Por Valéria Costa, da Redação
MANAUS – O cenário de recessão econômica no Amazonas promete ser mais sombrio em 2016, após passar a vigorar o reajuste da alíquota de 1% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), proposta de iniciativa do governo e aprovada há duas semanas pelos deputados na Assembleia Legislativa do Estado. O fato é que o repasse ao consumidor não será apenas de 1%, mas de 6%, disse ao AMAZONAS ATUAL o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDLM), Ralph Assayag.
Ele exemplificou que no início de 2016, o repasse será automático e será sentido diretamente pelo consumidor final na aquisição do material escolar. “Já estamos passando por um momento de turbulência em que as vendas estão retraídas e esse reajuste da alíquota vai contribuir bastante para piorar a situação. Isso pesa no bolso”, lamentou Assayag.
O empresário criticou a iniciativa do governo e a postura dos deputados em ter aprovado a matéria sem ouvir as entidades empresariais. “Não sabíamos desse projeto. Alguns deputados haviam falado que nós não nos mobilizamos. Mas isso não é verdade. E, quando fomos à Assembleia nesta semana, mostramos a eles que não sabíamos e que agora eles que se expliquem à população. A responsabilidade é deles e não nossa, porque temos que repassar esse reajuste, que ao final será de 6%”, bravou Ralph Assayag.
O dirigente lojista lamentou mais esse imposto num momento em que o Estado acompanha o país num cenário de crise econômica e a decisão da Assembleia em endossar esse projeto. “Não temos a caneta na mão e nem o poder de votar. O governador (José Melo) poderia ter dado um outro remédio para a dor. O problema da crise é muito mais sério do que esperávamos. Vamos entrar um ano com mais problemas, sem contratação de pessoal, sem aumento nas vendas, o que pode desencadear mais desemprego”, disse o empresário.
Na última quarta-feira, 21, vários lojistas estiveram na Assembleia para protestar contra a lei e o ato dos deputados – de terem aprovado o aumento da alíquota do ICMS. De acordo com Assayag, a iniciativa dos empresários foi uma foma de protesto e para mostrar aos deputados o que eles fizeram, para que eles tenham ciência do que eles aprovaram. “Agora, a responsabilidade é deles. Que a população cobre de cada um dos deputados. Quem votou no seu deputado, que cobre deles”, criticou o empresário.
No mesmo dia da manifestação, em entrevista ao ATUAL, o secretário da Sefaz, Afonso Lobo, ao se referir à reação dos lojistas, afirmou que o lojista tem que entender que, mais prejudicial a eles do que elevar um ponto percentual na alíquota modal do ICMS é o Estado deixar de pagar seus compromissos com servidor e com fornecedor. “Aí, o impacto nos negócios deles vai ser brutal”, declarou.
O AMAZONAS ATUAL procurou o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Josué Neto (PSD), para repercutir a insatisfação dos lojistas para com os deputados e saber se haverá uma nova conversa, mas ele não atendeu às ligações ao seu número de celular.