
Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – Ler livros sem estar conectado à internet ainda é possível em Manaus, sobretudo da temática Amazônia, nas áreas de geografia, história e meio ambiente, diz o livreiro José Maria Mendes.
Segundo o livreiro e proprietário da Livraria Nacional, nem todos os livros estão disponíveis na Internet para baixar e ler, muito menos os títulos que falam da Amazônia. Para ele, os livros sobre a Amazônia são uma raridade e os melhores títulos ainda são conservados nas livrarias físicas.
“Nos preocupamos desde o início pela formação humana e local. Por isso começamos a publicação em 1979, do livro Proposta de Política Florestal para a Amazônia Brasileira. Naquela época nós não dispúnhamos de internet, então esse livro foi produzido em 30 mil exemplares pela Comissão Nacional de Defesa e pelo Desenvolvimento da Amazônia”, diz o livreiro, que neste ano completa 50 anos à frente do negócio.
Segundo o proprietário, o acervo de livros sobre a Amazônia chega a 800 títulos, nos idiomas português, espanhol e inglês, relacionados com a temática da região.
“Antes de falar de povos originários, nós já tínhamos uma enorme atenção às obras e publicações que falavam sobre os povos da Amazônia. Inclusive, vendíamos pôsteres de indígenas, que naquela época ainda não tinha o valor que tem hoje”, diz Mendes.
A filosofia de trabalho do livreiro, não se resume a comercializar títulos de livros raros, mas também realizar pesquisas e apresentar os novos exemplares aos estudantes e interessados.
“Normalmente, o livro Amazônico é feito sempre com uma qualidade muito boa e a quantidade de exemplares impressos pequena. Então, você não encontra esses livros no mercado de uma forma geral. De tempos em tempos, eu vou a São Paulo e visito os sebos de livros e as editoras, e as distribuidoras de livros sobre a Amazônia. O problema é que as pessoas falam da Amazônia, mas leem pouco sobre o assunto”, diz.
Para divulgar as obras regionais, o livreiro monta todos os sábados uma espécie de feira, na sobreloja da livraria, e coloca os melhores livros à venda com um preço reduzido à comunidade universitária.
“Se nós não começarmos hoje a nos interessar pela temática amazônica, pelo meio ambiente amazônico, pela conservação da Amazônia, nós vamos estar tirando o direito dos nossos filhos e netos de viverem numa região saudável”, diz.
Outra iniciativa do livreiro é fazer lançamentos de livros de autores locais na livraria e participar de feiras de livros nas universidades localizadas em Manaus.
“Nós estamos tendo lançamentos normalmente aos sábados e contribuímos para uma massa pensante, principalmente nas discussões amazônicas, e estando de portas abertas para que todo mundo tenha acesso ao conhecimento, sobretudo dentro da temática do meio ambiente e da Amazônia”, diz.
“Você não viveria se não tivesse tido seu avô. Então a contribuição do passado é muito importante para que nós entendamos o presente e possamos planejar o futuro”, complementa o livreiro.
O consumo
De acordo com a pesquisa “Panorama do Consumo de Livros”, da CBL (Câmara Brasileira do Livro), sobre os hábitos de compra, 55% dos consumidores preferem adquirir livros online, atraídos pelas ofertas e pela conveniência. O levantamento é de outubro de 2024.
Por outro lado, 39% optam pela compra presencial, valorizando a experiência de manusear o livro antes da compra, a disponibilidade imediata e a maior variedade de títulos.
“Visitar uma livraria tem a vantagem de que você pode se encontrar com o autor, ter o livro autografado e dedicado e ter acesso a obras que não estão disponíveis na Internet para a leitura”, diz José Maria Mendes.
Outro resultado da pesquisa é que 49% dos brasileiros prefeririam comprar livros em lojas físicas, caso os preços fossem equivalentes ao do mercado online, enquanto 44% optariam por lojas online. Além disso, 42% dos consumidores adquiriram entre 3 e 5 livros no último ano, e 11,5% compraram mais de 10 obras.
Sobre os formatos, a pesquisa revelou que 56% dos consumidores compraram exclusivamente livros impressos nos últimos 12 meses, enquanto 14% adquiriram apenas livros digitais. Outros 30% compraram tanto impressos quanto digitais.