MANAUS – O deputado federal Arthur Virgílio Bisneto (PSDB) divulgou nota, na tarde desta quarta-feira, em que reconhece como dele o nome que aparece em uma lista encontrada pela força tarefa da Operação Lava Jato na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, com supostos pagamentos feitos a políticos. O nome está gravado na lista apenas como “Arttur Virgílio” e a informação de local “MAN” [interpretado como Manaus], com o valor de R$ 510,00, na coluna Proj. 2014, sinalizando que o dinheiro foi pago em 2014.
Na nota, Bisneto afirma que recebeu R$ 500 mil, via PSDB nacional, como doação da Usina Conquista do Pontal, empresa do grupo Odebrecht Agroindustrial, e que “o valor é o mesmo constante da planilha divulgada pelo juiz Sérgio Moro, comprovando a lisura com que sempre tratei a Justiça Eleitoral e o respeito pela população do meu Estado”.
Bisneto também afirma que a doação foi declarada na prestação de contas da campanha dele e está registrada e publicada pelo Tribunal Regional Eleitoral para consulta pública.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) também aparece na lista da Odebrecht. De acordo com uma das planilhas, ele recebeu R$ 700 mil para a campanha eleitoral de 2012, quando disputou a Prefeitura de Manaus. A doação data de 13 de setembro de 2012.
Também em nota, a senadora afirma que todos os recursos que recebeu nas campanhas eleitorais de que participou foram legais, registrados e todas as prestações de contas foram analisadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. “Estranhei o aparecimento de meu nome numa lista que não sei como surgiu”, disse na nota.
Entenda o caso
A Lava Jato encontrou na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro, a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira até agora. As buscas fazem parte da 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, que teve como alvo o casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura que atuaram nas campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) e também o executivo da Odebrecht, apontado pelos investigadores como o canal de Marcelo Odebrecht para tratar de doações eleitorais e repasses ilícitos a políticos.
A devassa da Polícia Federal na residência de um dos executivos-chave do esquema de propinas na empreiteira rendeu um total de sete arquivos onde aparecem inúmeras planilhas e tabelas, algumas separadas por Estados e regiões do Brasil e outras por partidos, com nomes dos principais políticos do País.
Também há inúmeras anotações manuscritas fazendo referência a repasses para políticos e partidos, acertos com outras empresas referentes a obras e até documentos sobre “campeonatos esportivos”, que lembram documentos semelhantes já encontrados na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras em obras na Petrobras.
Em meio aos avanços da Lava Jato, os executivos da empreiteira anunciaram nesta terça-feira, 22, que vão fazer uma “colaboração definitiva” com as investigações.
Nos documentos, contudo, não há nenhum indicativos que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de caixa 2 e tampouco a Polícia Federal teve tempo para analisar a vasta documentação.
Era na Odebrecht Infraestrutura que funcionava o setor de “Operações Estruturadas”, que as investigações revelaram ser o departamento da propina na empresa, no qual funcionários utilizavam um moderno software de gerenciamento de contratos e pagamentos para fazer a “contabilidade paralela” da empresa, que incluía entregas no Brasil e também transferências em contas no exterior. Diferente das planilhas encontradas naquele setor, contudo, os documentos que estavam na residência de Benedicto não possuem codinomes para se referir a políticos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)