Da Redação
MANAUS – Apesar dos apelos de entidades representativas da indústria, comércio e serviços para a retomada gradual das atividades, o governador Wilson Lima (PSC) manteve vigente no Amazonas o decreto que determina o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais e serviços não essenciais.
O governador se reuniu nesta segunda-feira, 30, com representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, órgãos de controle e entidades do comércio e da indústria, e reafirmou que as medidas são necessárias para conter o avanço do novo coronavírus.
Na reunião ficou acertada a criação de um comitê que irá propor alternativas para retomada gradual das atividades. O comitê terá a participação de técnicos do governo, de órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário e de representantes do setor produtivo.
“O decreto do governo do Estado continua valendo e aqui nós montamos um comitê de representantes do governo e também do comércio e da indústria para entender como é que a economia vai continuar funcionando no Estado do Amazonas e como é que faremos essa conciliação entre garantir empregos ou demitir o mínimo possível, conciliando com a proteção das pessoas”, disse Wilson Lima ao final da reunião.
O governador afirmou que a prioridade neste momento é a saúde, mas que o Estado estuda meios de recuperar a economia, alinhado com todos os setores produtivos.
“Primeiro cuidamos da vida das pessoas, e depois entendemos como vamos caminhar com as atividades econômicas que são fundamentais. Nós estamos tomando medidas que são duras, não há nenhuma decisão fácil neste momento”, afirmou.
No encontro, que contou com a participação o vice-governador e chefe da Casa Civil, Carlos Almeida, e secretários estaduais, foram discutidos aspectos da assistência e vigilância em saúde, além de alternativas para mitigar os impactos econômicos ocasionados pela pandemia de Covid-19.
Saúde
Os representantes da área da saúde reforçaram a necessidade de manter o isolamento social da população e pediram que os empresários apoiem as medidas dos governos estadual e municipais de restrição de circulação de pessoas, conforme recomendações da Organização Municipal de Saúde.
O secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias, disse que o sistema de saúde do Amazonas, assim como em qualquer outro lugar do mundo, não está preparado para uma explosão de casos do novo coronavírus, se todos adoecerem num curto espaço de tempo.
Ele apresentou projeções feitas pela Susam que mostram que o isolamento social pode reduzir em 31% o número de infectados em Manaus e região metropolitana. O mesmo estudo mostra que, sem a medida de restrição de circulação de pessoas, 22 mil pessoas poderão precisar de UTI. Se isso acontecer num curto espaço de tempo, aumentaria a possibilidade de óbitos já que o sistema de saúde não suportaria a demanda.
A diretora-presidente da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), Rosemary Costa Pinto, destacou que neste início da pandemia no Estado poucos casos positivos têm mais de 60 anos e a população mais atingida pelo novo coronavírus está na faixa-etária de 30 a 49 anos.
“A nossa força de trabalho é que está sendo atingida, não são os idosos nem as crianças”, alertou.
O médico e pesquisador da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas e da Fiocruz, Marcus Lacerda, que conduz pesquisa do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 no Estado, afirmou que a maioria das pessoas será contagiada pelo vírus, mas é necessário que seja de forma lenta, daí a necessidade da redução do contato entre pessoas.
Setor primário
O vice-governador Carlos Almeida externou a preocupação com o setor primário e com a manutenção de programas como o Preme, de Regionalização da Merenda Escolar.
“O Sistema Sepror tem trabalhado nisso de forma pesada. Na semana passada fizeram uma reunião conjunta e a sugestão é para que não se pare o setor primário, para que a alimentação que não tem chegado às escolas por conta da suspensão das aulas seja destinada ao chamado ‘kit de alimentos’, que a gente possa distribuir à população carente tanto na capital e no interior. A legislação está sendo enviada, ainda na data de hoje, para deliberação na Assembleia Legislativa”, detalhou o chefe da Casa Civil.