
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Laudo feito por uma médica da Enfermaria Psiquiátrica da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas) diz que Elias Eduardo Antunes, de 23 anos, que esfaqueou uma colega de trabalho no Centro Universitário Fametro, em Manaus, no ano passado, tem transtornos psicóticos e, no dia do fato, era incapaz de compreender o que estava fazendo.
“São transtornos donde o paciente apresenta alucinações (visuais ou auditivas), delírios (crenças em situações fictícias), anormalidades graves do comportamento (desorganização, inatividade ou hiperatividade) e perturbações emocionais (apatia ou desconexão entre emoção descrita e afeto observado”, diz trecho do laudo, datado de 24 de janeiro de 2023, que o ATUAL teve acesso.
O exame sobre o estado mental de Elias foi ordenado em novembro passado pela juíza Dinah Câmara Fernandes, da Comarca de Manaus, a pedido do MP-AM (Ministério Público do Amazonas). A partir do documento, a magistrada irá decidir se Elias Antunes pode ser responsabilizado pelo crime de tentativa de homicídio cometido à traição, atribuído a ele pelo MP.
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Elias relatou à médica que sofre transtornos desde os seis anos de idade e que a doença se agravou após a morte da mãe em 2020. No dia do fato, ele disse ter ingerido vários comprimidos de analgésicos para aliviar dor, que “lembra de uma voz masculina de comando de ataque” e que não se recorda de detalhes do ocorrido, apenas de se ver coberto de sangue.
A médica que examinou Elias concluiu que ele tem doença mental e que era “inteiramente incapaz” de entender o caráter ilícito do fato.
O caso ocorreu no dia 17 de setembro de 2022 no prédio do Centro Universitário Fametro, na Avenida Constantino Nery, bairro Chapada.
A vítima, Erika Freire, de 39 anos, que é assistente de biblioteca, disse à polícia que estava conversando normalmente com o rapaz quando ele chegou por trás dela, colocou a faca em seu pescoço e disse: “tenho uma surpresa pra ti”. Ambos travaram uma luta corporal e a mulher foi atingida com um golpe no pescoço e nas mãos.
A mulher foi atendida pelo Samu e depois encaminhada ao Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, na zona centro-sul.
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Policiais militares que atenderam a ocorrência disseram que quando chegaram ao local Erika já estava sendo atendida pelo Samu, mas ninguém sabia do paradeiro de Elias, apenas que ele ainda estava no prédio. Após realizarem busca, policiais descobriram que ele estava “tentando suicídio, pendurado em uma das janelas do prédio, com parte do seu corpo para o lado de fora”.
Após a detenção, sob orientação de profissionais da saúde do centro universitário, o Elias foi encaminhado para o Centro de Saúde Mental do Amazonas para receber atendimento médico. Conforme a polícia, Elias foi orientado a ficar internado e não recebeu alta médica para deixar o local, onde permaneceu até a justiça decretar a prisão preventiva dele.
No dia 8 de novembro, a pedido do MP, a juíza Dinah Fernandes instaurou o incidente de insanidade mental. “Reconheço a possibilidade de que o acusado seja portador de moléstia psiquiátrica, devendo ser analisada sua capacidade mental, e para tanto deve ser instaurado o procedimento mencionado”, escreveu a magistrada.