Da Redação
MANAUS – A cantora amazonense Karine Aguiar, em comemoração ao ‘Dia do Folclore’, lança nesta quarta-feira, 22, a toada-canção ‘Biojoias’, de Neil Armstrong, Hugo Levy e Silvio Camaleão (que figuram entre a elite de compositores do Boi-bumbá Caprichoso). O novo videoclipe e single de Karine será lançado em todas as plataformas digitais e no YouTube (www.youtube.com/karineaguiarmusic).
Após dois discos gravados com produtores norte-americanos e europeus, a cantora Karine Aguiar se volta inteiramente para suas raízes, estabelecendo novas parcerias com músicos e compositores amazonenses do interior do Estado e da capital.
Karine foi convidada a gravar ‘Biojoias’ no início do mês de janeiro de 2018 em Manaus, pelos próprios compositores da obra Hugo Levy e Neil Armstrong. A cantora conta que, a princípio, a música foi gravada para fazer parte do CD “Beiradão do Madeira” e que, de fato, foi lançada no referido projeto com outra concepção de arranjo e mixagem, assumindo uma estética sonora mais adequada para o que os produtores queriam atingir com aquele trabalho. E, complementa que, a energia em estúdio entre ela e os compositores foi tão positiva que, logo se pensou a possibilidade de se gravar um clipe.
“Enviei a música para o Jander Souza (diretor do clipe), que tem um trabalho incrível junto com a Dany Souza voltado, para a fotografia de nu artístico na natureza. Eles gostaram do som e, então começamos a pensar o vídeo. Gravamos em julho desse ano em um único dia. Foi tudo muito rápido e leve. Após a filmagem do vídeo, cheguei à conclusão que precisaríamos realinhar todo o conceito do arranjo, bem como, remixar a canção para se adequar a uma atmosfera brejeira e orgânica que vislumbramos para o resultado final. Toda a parte de redefinição da sonoridade da música, bem como a remixagem e a remasterização foi feita em São Paulo junto com o Ygor Saunier e o produtor musical Luis Lopes, que já teve alguns de seus trabalhos indicados ao Grammy”, revela a artista.
Inovação
Durante as gravações da música em Manaus, Karine conta que foi criada uma inovação rítmica à qual se deu o nome de ‘Maraboi’. A cantora, que também é pesquisadora da musicalidade Amazônica e Doutoranda em Música pela Unicamp, explica que a ideia de surgiu no momento em que ela foi ao estúdio do Joel Maklouf (produtor musical) em Manaus, junto com os compositores Hugo e Neil, para colocar a voz na música.
“O Joel começou a me mostrar isoladamente as linhas de percussão que o Ygor Saunier havia acabado de gravar e, foi ouvindo cada um desses instrumentos e percebendo os espaços de tempo que haviam entre o ritmo que cada um tocava que me veio a ideia: Que tal juntar as caixas de Marabaixo com as caixas do Boi? Fiquei construindo tudo aquilo dentro da minha cabeça e, antes de entrar na cabine de gravação, pedi ao Joel que ele tocasse juntas só as linhas de percussão da caixa de Marabaixo (manifestação musical afro-amazônica do Amapá) e do Boi de Parintins. Todo mundo achou aquela ideia uma grande loucura mas, eu tanto insisti que acabaram embarcando na minha viagem. No final, a equipe gostou e ficou bem satisfeita com o novo ‘groove’, que acabou combinando muito bem com a levada de bateria que o Ygor criou.”
O Clipe
As filmagens aconteceram na cidade de Manaus, durante o mês de Julho deste ano. Todo o registro de vídeo, edição e direção artística é assinado pelos profissionais Jander Souza e Dany Souza. A maior parte das filmagens aconteceu em pontos turísticos de Manaus, como o Mercado Municipal Adolpho Lisboa e a praia da Ponta Negra.
Especialistas em captação de imagens na natureza, o casal Jander e Dany também vem realizando um trabalho que já se tornou referência em Manaus por trazer uma poética do corpo através do projeto ‘Almanua’. E foi a partir do conceito deste projeto que a capa do single ‘Biojoias’ (que estará estampada em todas as plataformas digitais de música) foi criada.
A estética visual criada por Jander e Dany Souza vem ao encontro da proposta de ‘Biojoias’, que traz uma mensagem muito direta sobre a importância da conservação da biodiversidade vegetal amazônica.
Música e vídeo propõem uma visão não-antropocêntrica da natureza, isto é, a não-sobreposição do ser humano sobre os demais seres vivos existentes no planeta terra, bem como, a valorização das pessoas de vida simples das comunidades tradicionais que vivem do extrativismo sustentável e que, com isso, também salvaguardam as sementes nativas.