Por Ana Carolina Barbosa, da Redação
MANAUS – O sistema de biometria facial, que passou a funcionar há três dias em Manaus, custou às dez empresas de transporte coletivo urbano na capital, R$ 20 milhões, investidos ao longo de quatro anos (2011/2015). O valor corresponde à arrecadação de aproximadamente duas semanas em passagens se considerados dados repassados pelo Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas). O cálculo considerou o número de passageiros de segunda a sexta-feira.
Segundo o Sinetram, na última terça-feira, 24, primeiro dia de funcionamento do sistema, que trabalha com reconhecimento facial dificultando fraudes, foram registradas 984,1 mil passagens, das quais 224,4 de estudantes (R$ 1,50) e 65,5 mil gratuitas. Dessas, 3,2 mil foram flagradas em situações de fraude. No dia seguinte, o número de passagens caiu para 982,1 mil, das quais 223,2 mil foram de estudantes e 63,3 mil gratuitas. A redução ocorreu porque os cartões utilizados por terceiros e não por titulares foram bloqueados temporariamente, impedindo-os de serem utilizados no dia seguinte.
Considerando a média de 220 mil passagens estudantis e 697 mil inteiras – suprimindo as gratuitas -, o valor arrecadado semanalmente pelo sistema é R$12,1 milhões – considerando apenas de segunda-feira a sexta-feira. Multiplicado por dois, chega-se a R$ 24,2 milhões, R$ 4,2 milhões a mais que o montante aplicado no novo sistema.
Conforme o Sinetram, cerca de R$ 30 milhões ainda devem ser injetados no sistema de bilhetagem eletrônica nos próximos seis anos, totalizando R$ 50 milhões.
O sindicato informa que o sistema de automação é um investimento necessário para o bom funcionamento do transporte coletivo. O valor não foi aplicado apenas em biometria, mas no sistema como um todo, tornando as operações mais eficientes e combatendo fraudes. Em dois dias foram registradas, através do novo sistema, 5.155 fraudes – 3.997 de estudantes com meia passagem e 1.118 de usuários beneficiados com gratuidade. Em valores, o sistema deixou de perder R$ 13.668.
Nesse caso, os cartões são bloqueados e os titulares devem se dirigir ao Sinetram para pedir o desbloqueio e assinar um termo de compromisso. Caso haja reincidência, o cartão fica bloqueado por seis meses.
Inclusão na planilha
Nesta semana, depois de publicação de matérias na mídia local sobre os investimentos na biometria facial e sua possível inclusão na planilha de custos do transporte coletivo, com o consequente impacto no valor da tarifa, a Prefeitura de Manaus divulgou nota informando que os custos desses serviços já são incluídos na planilha desde 2004, quando da criação do sistema de bilhetagem eletrônica.
A seguir a nota da Prefeitura de Manaus:
A Prefeitura de Manaus, por meio da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), esclarece que o sistema de bilhetagem eletrônica já é incluído na planilha de custos da tarifa do transporte coletivo desde que foi criado em 2004. Em 2013 um novo sistema de bilhetagem, mais moderno foi implantado para propiciar que novas tecnologias pudessem ser utilizadas na operação do transporte coletivo, como, por exemplo, a biometria facial. É importante esclarecer que o valor investido não foi direcionado apenas à biometria facial, mas ao conjunto de tecnologias que foram implantadas nos últimos anos para modernizar a operação do sistema de transporte coletivo – tecnologias essas que funcionam por meio da bilhetagem eletrônica. Podemos destacar ainda o Centro de Controle Operacional (CCO), lançado em julho deste ano, que permite o monitoramento em tempo real da operação (frota, frequencia, itinerário, viagens) de todas as linhas de ônibus do transporte coletivo, por meio do uso de GPS em 100% da frota. O CCO contribui não apenas para solucionar problemas da operação das linhas de forma mais rápida, mas também para a construção de estatísticas que ajudam no planejamento operacional do sistema.