![O navio encalhou no dia 4 deste mês na Costa do Taboca devido à seca (Foto: Divulgação/Ibama-AM)](https://amazonasatual.com.br/wp-content/uploads/2023/12/navio-Foto-DivulgacaoIbama-AM.png)
Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – Para evitar escassez de matéria-prima em um possível nova seca severa no Amazonas, empresas do Polo Industrial de Manaus adotaram planejamentos próprios. Algumas anteciparam a compra de insumos, realizaram estoques e adiantaram as entregas, disse o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Lúcio Flávio Morais.
“Cada indústria adotou um planejamento. A preocupação do Cieam, por meio da sua comissão de logística, foi realizar vários fóruns para tratar do assunto (de uma possível seca)”, diz Morais.
O empresário espera que o poder público também adote medidas que evitem impactos na produção industrial. “Tanto o governo federal como o estadual deve realizar o seu papel. Nós contamos com a dragagem dos rios e que ela ocorra. O píer de Itacoatiara (município a 269 quilômetros de Manaus) é uma das soluções possíveis, mas não é algo improvisado, teve planejamento”, ressalta.
Uma possível seca igual ou mais forte que a do ano passado pode ter um impacto no comércio local e afetaria datas comerciais consideradas importantes como o Dia dos Pais, a Black Friday e o Natal porque o baixo nível das águas dos rios dificulta o transporte de cargas, encare o frete e aumenta o tempo de entrega de produtos e insumos.
“Se o nível da estiagem for o mesmo do ano passado, o nosso interior vai ter os mesmos problemas. Primeiro, ninguém pode estocar uma quantidade grande de alimentos, porque estraga. Segundo, ninguém vai colocar um capital enorme (investir) e esperar se vai acontecer (a seca)”, diz o presidente da CDL Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas), Ralph Assayag.
Ainda segundo Assayag, os empresários do comércio adotaram a cautela. “Ninguém está trazendo produtos além da capacidade porque é complicado manter um capital parado, sem movimentar. Então, as empresas já sabem que os portos de Manaus, Chibatão e Superterminais estão autorizados a levar balsas para perto do município de Itacoatiara e fazerem o transporte daquela cidade para Manaus. É complicado, mas é uma saída”, diz.
Assayag também espera ações dos governos estadual e federal para evitar prejuízos no abastecimento do comércio. “Também temos a dragagem por parte do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) nos pontos mais complicados do rio para que os navios possam passar. A terceira via é a BR 319 que, onde há atoleiros foram colocadas pedras para que seja menos complicado transitar, o que supõe uma viagem de 11 horas de Porto Velho até Manaus”.
Em um vídeo sobre a estiagem, o coordenador da Comissão de Logística do Cieam e professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Augusto Barreto Rocha, comenta que uma das conclusões do 10º Fórum de Logística, realizado no passado 28 de maio em Manaus, é que “há 80% de chances de que a seca não será tão severa” (comparada com a seca de 2023).
“Eu entendo que realmente é um problema porque um evento extremo traz preocupações. As instituições precisavam realizar mais um diálogo institucional com o Dnit. Há pouco diálogo institucional com o Dnit”, disse.
Sobre a dragagem em quatro trechos dos rios Solimões e Amazonas para garantir a navegabilidade em meses de seca, Augusto Rocha é cauteloso. “A assinatura dos editais não significa o início (imediato) dos serviços. Me inquieta se vai ser útil. Vejo o esforço por parte do Dnit, mas não vejo diálogo institucional mais amplo. Será que a hidrodinâmica do rio vai se manter, será que a dragagem vai mexer com os sedimentos (do fundo) do rio? Eu temo bastante sobre esse edital, se servirá para mitigar o problema”, disse.
A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) informou que ainda não dispõe de modelos de previsão para períodos mais longos e que o Rio Negro em Manaus está no período de estabilidade (sem baixa ou subida do nível da água), e que o Rio Amazonas nesta época também tem profundidade normal.
Em Tabatinga, o informe diz que Solimões está em “período de recessão”, com descidas diárias médias na ordem de 22 cm. Como houve oscilações desde abril nas subidas, os níveis estavam no limite do intervalo da normalidade antes dos declínios diários. Atualmente, apresenta níveis abaixo da faixa de normalidade.
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