Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – Em documento que trata sobre o “perfil violento” de Mouhamad Moustafa, apontado como líder da organização criminosa que desviava dinheiro da saúde no Amazonas, a PF (Polícia Federal) registra episódio em que o empresário reclama de um vídeo gravado pelo vereador Marco Antônio Chico Preto (PMN), em que o parlamentar critica uma das empresas do empresário que mantinha contrato com o governo, a Salvare. Em uma conversa no Whatsapp, Mouhamad deseja a morte do político. “Mataram o segurança. Tinham que ter matado ele (Chico Preto) na campanha”, escreveu.
Mouhamad se referia ao assassinato de um segurança de Chico Preto, em setembro de 2014, em frente à sede do PMN, quando voltava de um banco com a esposa do parlamentar. Naquele ano, o hoje vereador era deputado estadual e candidato a governador.
Segundo a PF, na ocasião, o empresário conversava por mensagens sobre o político com Priscila Marcolino, acusada pelo MPF (Ministério Público Federal) de ser a operadora financeira do esquema de corrupção. No diálogo, a advogada questiona: “Por que esse povo só fala da gente?”. E mais a frente xinga o político: “Viadinho”.
A Salvare é uma das três empresas que o MPF aponta como parte do grupo econômico que sustentava o esquema de corrupção por meio de contratos do INC (Instituto Novos Caminhos) com o governo.
Surra
Chico Preto disse que ao tomar conhecimento do deboche com relação ao nome dele na conversa de Mouhamad, o primeiro sentimento que teve foi o de dar uma surra aonde quer que encontrasse o empresário.
“Eu partiria para a porrada. Daria uma surra no Mouhamad. Porque o que eu li é forte para quem viveu o que eu vivi junto com a minha família. Aquele deboche me levou, do ponto de vista pessoal, a nutrir um sentimento muito forte de aonde encontrá-lo dar uma surra nele. Foi minha primeira relação. Essa reação hoje amainou”, disse o vereador.
O político diz acreditar na Justiça e na punição exemplar de Mouhamad. “Nem do Amazonas ele é. Ele teve uma oportunidade aqui no Amazonas que poucos tiveram. E essa oportunidade condenou pessoas à morte e a situações irremediáveis de saúde. Então isso não pode passar impune”, afirmou Chico Preto.
Para o vereador, Mouhamad não desviou mais de R$ 100 milhões da saúde do Amazonas sozinho. “A Polícia Federal está passando a limpo esse episódio. Mouhamad é o elo de uma corrente que desfalcou a saúde, desviando recursos do Estado e condenando à morte muitas pessoas. Mouhamad não desviou 100 milhões sozinho. Mas, com certeza, era o ponta de lança”, declarou Chico Preto.