Da Redação
MANAUS – Com 2,084 milhões de habitantes, Manaus tem ‘vazio de serviço’ do IML (Instituto Médico Legal), segundo estudo do CFM (Conselho Federal de Medicina). A cidade tem apenas uma unidade, o que é incompatível com o número de habitantes. No IML de Manaus há carência de pessoal, de equipamentos mínimos e também de ponta e de capacitação, problemas comuns aos institutos do país. “Acre, Alagoas e Maranhão também integram a lista de Estados onde há ‘vazio de serviços’.
O número de IMLs em todo o Brasil é de 381, presentes em todos os Estados 35 nas capitais, 29 em regiões metropolitanas e 317 no interior. Os números, entretanto, não significam acesso de qualidade da população a esse tipo de serviço. Nas unidades de criminalística das capitais, por exemplo, os piores déficits se concentram nos serviços de psicopatologia (ausentes em 70%), psicologia (ausentes em 59%) e radiologia (ausentes em 52%).
Em entrevista à ABr (Agência Brasil), Rosylane Mercês Rocha, especialista em Medicina Legal e Perícia Médica e membro da câmara técnica do CFM, lembrou que os IMLs são responsáveis por realizar exames periciais em cadáveres de indivíduos que morreram vítimas de algum tipo de violência e também em pessoas vivas vinculadas a um registro de ocorrência junto à polícia civil, sejam elas vítimas ou acusadas. “O que mais chama atenção no estudo é a necessidade de pessoal, ou seja, a contratação de concurso público para ampliar as equipes de perito. Há também a parte tecnológica e a necessidade de se investir em aparelhos e, claro, na capacitação para o manuseio desses aparelhos e de novas tecnologias”, explicou.
Interiorização
Rosylane destacou que o acesso a serviços de IML não está interiorizado no Brasil e que o país carece de mais unidades em praticamente todos os estados para prestar atendimento adequado. “Algumas unidades são excelentes, como o IML de Fortaleza. Mas essa não é a realidade do país, que é caótica. Não há a mínima condição de trabalho, como câmara frigorífica que seja adequada à manutenção de corpos. No Rio de Janeiro, em junho deste ano, funcionários do IML tiveram que transportar corpos para Caxias e Novas Iguaçu porque a câmara estava quebrada e não tinham onde colocar os cadáveres. Isso é muito básico dentro do serviço”.
Serviços
A especialista lembrou que os resultados de provas periciais auxiliam as polícias de todo o país a desvendar crimes e mortes violentas. Para ela, os IMLs prestam um grande serviço para a população, seja sob o aspecto legal, social e também epidemiológico. “É uma área de capital importância, mas que precisa de investimento em pessoal, compra de equipamentos como aparelhos para estudo genético, tomógrafos e para ressonância. Isso além de uma série de insumos, reagentes e material cirúrgico para realização de necrópsia”, concluiu.
(Com ABr/Agência Brasil)