Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Após receber alta do Hospital João Lúcio, onde ficou internado por 23 dias, e ser preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (8), o venezuelano Luis Domingo Siso, de 60 anos, declarou à polícia que não se recorda de ter ateado fogo em casa lotérica no Centro da cidade no último dia 16 de agosto. O ato criminoso resultou na morte de três pessoas.
De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, ao ser interrogado, o homem apresentou “confusão mental” e não soube dizer se tem filhos ou parentes em Manaus para serem comunicados da prisão dele. O interrogatório foi feito pelo delegado Marcelo Martins de Almeida Silva, do 24º DIP (Distrito Integrado de Polícia), no Centro de Manaus.
“Perguntado se se recorda dos fatos que ocorreram no dia 16.08.2022, respondeu que não se recorda de nada; perguntado se se recorda de eventos anteriores em que tentou atear fogo ou danificar lotéricas, respondeu que não se recorda de ter feito nada desse tipo”, diz o termo de qualificação e interrogatório produzido pela polícia, ao qual o ATUAL teve acesso.
No documento, a polícia registra que Luis demonstrou dificuldade em se expressar verbalmente por conta de seu estado de saúde. Ele também não fala português, apenas espanhol, razão pela qual as perguntas foram realizadas pelo delegado em espanhol e respondidas pelo homem na mesma língua. As declarações foram transcritas no relatório em português.
Audiência de custódia
Nesta quinta-feira, Luis Siso também foi levado para audiência de custódia no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, mas, como ele não fala português, a audiência teve que ser remarcada para outro dia e deverá ter a presença de um tradutor. Enquanto isso, o resultado de um exame médico decidirá se o homem voltará ao hospital ou se aguardará no presídio.
“O custodiado deverá ser imediatamente encaminhado à Enfermaria da Unidade Prisional, a fim de que a equipe médica verifique se há necessidade ou não de retorno ao hospital, a fim de resguardar a saúde e integridade física do custodiado”, decidiu a juíza Rosália Guimarães Sarmento, da Central de Plantão Criminal de Manaus.
Incêndio
O incêndio ocorreu em uma casa lotérica localizada no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, na rua dos Barés, bairro Centro, zona sul. Luis se desentendeu com um funcionário do estabelecimento por não conseguir realizar um saque. Câmeras de segurança mostram o momento em que ele jogou combustível no local e incendiou a loteria.
Durante a confusão, o homem foi agredido por um grupo de pessoas e ficou gravemente ferido, conforme apontam relatórios médicos, e foi encaminhado ao Hospital João Lúcio. No mesmo dia, a polícia o prendeu em flagrante e, no dia seguinte, o juiz Luís Alberto Nascimento Albuquerque, da Central de Plantão Criminal, converteu a prisão em preventiva.
“Ressalto, por oportuno, que as circunstâncias peculiares do caso ora analisado, somada a gravidade do fato, além, evidentemente da presença dos pressupostos e requisitos da prisão preventiva – como exaustivamente comprovado alhures – não sugerem a substituição da prisão por quaisquer das medidas cautelares”, afirmou Luís Albuquerque.
De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, o incêndio resultou em quatro vítimas: Andrielen Mota de Assis, 35; Carlos Henrique da Silva Pontes, 50; Henison Diego da Silva Mota, 33; e Stefani do Nascimento Lima, 23. Três delas morreram dias após o fato, em unidades hospitalares da capital amazonense.