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Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Denunciado por lavagem de dinheiro de rifas ilegais promovidas pelo influenciador digital João Lucas da Silva Alves, o Lucas Picolé, Marcos Vinicius Alves Maquiné afirmou à Justiça do Amazonas nesta terça-feira (28) que emprestou a conta bancária dele sem saber que o dinheiro recebido tinha origem ilícita. Segundo Marcos, Picolé movimentou cerca de R$ 1 milhão na conta.
“O acusado, confiando na lisura das atividades do amigo e sem suspeitar de qualquer atividade ilícita, aceitou o pedido, sem receber qualquer benefício financeiro ou material. A sua conduta, em essência, foi pautada na boa-fé e na confiança em um amigo de longa data”, afirmou a defesa do homem, em manifestação enviada à Justiça.
Marcos foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo MPAM (Ministério Público do Amazonas) após comparecer à delegacia, acompanhado de advogados, para relatar que emprestou a conta bancária a Lucas. Segundo Marcos, o influenciador alegou estar com a conta bloqueada. Ele disse que não recebeu nada.
“Marcos confidenciou em seu interrogatório sua participação no esquema de lavagem de capitais, tendo cedido a sua conta corrente para servir de destino de valores ilícitos oriundos da prática das rifas clandestinas operadas por Lucas Picolé. Consoante relatado pelo próprio indiciado por sua conta passaram cerca de um milhão de reais do esquema ilícito”, diz o relatório policial.
A defesa de Marcos afirma que ele “não tinha conhecimento da contravenção de sorteios e rifas não oficiais” e que “emprestar a conta bancária, por si só, não configura lavagem de dinheiro”. “Não há provas de que ele participou ativamente de qualquer esquema para ocultar ou dissimular a origem dos valores”, afirma a defesa.
Na Operação Dracma, a polícia apreendeu uma Hilux que estava registrada no nome de Fabíola Souza da Silva, madrasta de Marcos, mas que, segundo os investigadores, tinha como real proprietário o influenciador Lucas Picolé. A defesa de Marcos apresentou documentação para comprovar que o veículo foi adquirido em 2020, dois anos antes dos sorteios.
“[A defesa requer] a restituição do veículo HILUX placa NZA-6F49 – registrado em nome de Fabíola Souza da Silva, sua madrasta, uma vez que amplamente comprovado na instrução processual a ausência de vínculo do automóvel com quaisquer das infrações penais supostamente praticadas pelos denunciados”, diz trecho do pedido.
Marcos foi denunciado em setembro de 2023. O MP acusou ele de integrar um grupo que praticava lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionato. Além de Marcos, foram denunciados Lucas Picolé, Isabelly Aurora; Enzo Felipe da Silva Oliveira, Aynara Ramilly da Silva, Flávia Ketlen da Silva, Paulo Victor Monteiro Bastos e Isabel Cristina Lopes Simplício.
Em abril deste ano, o promotor de Justiça Carlos Fábio Braga Monteiro reforçou o pedido de condenação. Ele afirmou, em manifestação enviada à Justiça, que os depoimentos de influenciadores digitais alvos da operação mostram que o grupo ganhava dinheiro promovendo rifas ilegais e fazia lavagem de dinheiro usando nomes de familiares e amigos.
“Os depoimentos colacionados formam um todo harmonioso quanto ao fato de que os denunciados integram organização criminosa para auferir lucro com a venda rifas ilegais, recebendo os recursos provenientes de atividade ilegal em contas diversas e comprando veículos em nome de terceiros para dissimular a sua real origem e propriedade”, disse Fábio Braga.
Leia mais: Depoimentos comprovam esquema de influenciadores, diz promotor
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