Da Redação
MANAUS – O técnico de enfermagem John Euder Lima Gomes, de 26 anos, foi preso na noite desta quarta-feira (23) por suspeita de estuprar duas pacientes, de 31 e 24 anos, quando estavam internadas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Campos Sales, no Tarumã, zona oeste. A delegada Kelene Passos, do 20º Distrito Integrado de Polícia, disse que John Euder dopava as vítimas antes de abusar delas.
John Euder era contratado por uma empresa terceirizada e trabalhou na UPA por três anos. Conforme a delegada, em novembro de 2020, a primeira vítima, que à época estava internada na sala rosa acometida pela Covid-19, respirando com ajuda de aparelho de oxigênio, registrou denúncia na polícia. “Nesse primeiro caso, ele apenas introduzia o dedo”, disse a delegada.
De acordo com Kelene Passos, a vítima conseguiu gritar por socorro. A equipe médica e de assistência social se reuniu com sete pessoas em uma sala para fazer exame ginecológico, mas constataram que nada ocorreu, o que causou constrangimento à vítima. “Mesmo que ela o tenha reconhecido, ele permaneceu trabalhando no local”, disse.
Foi em maio deste ano, segundo a polícia, que outra vítima registrou denúncia informando que, diferentemente da primeira denunciante, esta última sofreu com o ato da penetração consumada. A delegada conta que, em seus relatos, a vítima descreve que chegou ao hospital sentindo muita dor e que não conseguia andar sozinha. “Ela foi levada por ele (o suspeito) para uma sala, em tese, para fazer exame de urina. Ele a colocou no chão e, quando ela se deu conta, estava ‘de quatro’ com ele a estuprando”, disse a delegada.
John Euder foi preso na quarta (23) enquanto saía de casa em direção ao trabalho. A delegada disse que logo após a segunda denúncia registrada ele se antecipou e pediu transferência do hospital. Se dirigia ao Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, no Coroado, zona leste, quando foi abordado pela polícia. Ambas as vítimas o reconheceram durante depoimentos.
A delegada disse que, “como todo homem acusado de estupro” ele nega o crime contra a primeira vítima porque “ele é esperto e sabe que, como ‘só’ usou o dedo nela, não há muita materialidade para incriminá-lo”.
Passos disse que ele endossou o segundo caso e que alegou já ter tido um caso com ela, em uma tentativa de culpabilizar a vítima. “Ele viu que não tinha saída por não ter usado preservativo e a gente ter coletado o material genético da vítima e o dele”.
Kelene Passos disse que, quando questionado sobre quando teria conhecido a vítima, o suspeito afirmou que a conheceu no momento em que ela deu entrada na UPA. “Ele disse que ela entrou, eles começaram a conversar e se afeiçoaram e, lá (na sala), ela aceitou fazer sexo com ele”, disse.
“Mas toda essa versão dele cai por terra”, disse a delegada, “porque o médico e a vítima sustentaram a mesma versão de que ela chegou no hospital carregada, sem conseguir andar, sem condições de ter qualquer conversa porque estava sob efeito de medicamento, morfina”, completou. “Ele tentou jogar a culpa nela, dizendo que o sexo foi consensual, mas não foi.”
A delegada ainda revelou que o médico disse que os medicamentos passados às pacientes não as deixam sob efeito de dopagem, o que abre a possibilidade de o suspeito “realmente” ter inserido alguma outra substância nelas. “As duas informam que ele aplicou medicamento e, que na terceira aplicação, ele diz que é pra relaxar”, disse.
Apesar da fama “muito educado e gentil” atribuída a John Euder pelos colegas de trabalho, a polícia não descarta a possibilidade de que o suspeito já tenha cometido esse crime outras vezes. Ele vai responder por estupro de vulnerável.