Da Redação
MANAUS – Mais um caso de feminicídio resultou na condenação de um homem que matou a esposa a facadas na frente da filha, em 2016. Na quarta-feira, 17, o homem de 35 anos foi julgado pelo 2º Tribunal do Júri da Comarca de Manaus e condenado a 17 anos e quatro meses de prisão em regime fechado. Ele também não poderá recorrer em liberdade e, como um dos efeitos extrajudiciais da pena, perdeu seu poder familiar sobre os filhos.
O crime ocorreu em 2016, no Bairro da Paz, zona centro-oeste de Manaus, na casa onde o casal morava com os filhos. O homem matou a mulher com três facadas no pescoço, na frente da filha do casal, de apenas seis anos de idade à época. Ele confessou o crime, porém, alegou legítima defesa.
A audiência de julgamento ocorreu em segredo de Justiça. Por motivos de segurança e para resguardar as testemunhas, incluindo a criança, a juíza Maria da Graça Giulietta Cardoso de Carvalho Starling solicitou o esvaziamento da sala, em atendimento a pedido da defesa. Foram ouvidas três testemunhas de acusação, além do réu, em uma audiência longa, que teve início às 13h e seguiu até 1h de quinta-feira.
Em sua fala no plenário, a defensora pública Pollyana Vieira, coordenadora do Nudem, que atuou como assistente de acusação, pontuou a necessidade de se qualificar o crime como feminicídio, para que as mortes anunciadas de mulheres envolvidas em um contexto de violência doméstica deixem a invisibilidade e comecem a não ser mais toleráveis pela sociedade. A defensora falou também sobre a dificuldade da mulher sair do ciclo de violência.
O Ministério Público, representado no processo pela promotora de Justiça Lilian Nara Pinheiro de Almeida, reiterou as acusações presentes na denúncia e pediu aos jurados a condenação do réu. Condenado, o homem saiu do fórum já preso.
“Nós acreditamos que a sentença foi pouca, mas foi suficiente para ser feita a justiça sim. Pois ele se encontrava em liberdade e só de saber que ele voltou para onde não devia ter saído, já ficamos bem aliviados. Nossa luta foi intensa e esperamos 3 anos por justiça. Acho que a Defensoria foi bastante competente, a defensora lutou por uma justiça justa e confiamos muito nela”, declarou uma das irmãs da vítima, após o julgamento.